sexta-feira, 22 de maio de 2015

Matéria Reunião dia 28/05/2015 - O domínio de nossa mente

8.7 O domínio de nossa mente
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B2
“O que importa é o coração”
Continuação da edição 2.274

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda salienta que, para efetuarmos uma transformação grandiosa em nossa vida, é importante não sermos governados pela fraca natureza de nossa mente, que muda constantemente, mas apoderar-se dela, buscando um mestre que atue como uma segura bússola espiritual.
Discurso do presidente Ikeda
adaptado do livro Explanação Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, publicado em português em julho de 2012.
“O que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000). O coração, a mente, é realmente prodigioso e ilimitado. Além disso, podemos aprofundá-lo infinitamente.
A mente pode gerar um estado de vida de imensa alegria, como se estivéssemos voando livremente, sem esforço algum, pelo vasto céu azul. Pode emanar uma compaixão comparável à luz do sol claro e radiante, que a tudo ilumina, e abraçar calorosamente aqueles que estão sofrendo. Pode tremer de raiva justificada, subjugando o mal e a injustiça com a coragem e ferocidade de um leão. A mente muda constantemente, como um enredo que sempre apresenta novas surpresas ou um cenário que sempre se inova.
O que há de mais maravilhoso no que diz respeito à mente é o fato de ela manifestar o estado de buda. Mesmo as pessoas acossadas pela mais intensa ilusão e sofrimento podem ativar, nas profundezas de sua vida, o estado de buda, que é uno com o universo. Essa importante epopeia de transformações constitui, efetivamente, o maior de todos os prodígios.
O budismo reconhece a suprema nobreza e o potencial para uma extraordinária transformação inerentes à vida de todas as pessoas. Com base nesse fato, Nichiren Daishonin ensinou que, aprimorando totalmente sua vida por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, qualquer um — por mais que esteja mergulhado na ignorância ou ilusão - pode revelar seu estado de buda e transformar numa terra pura até mesmo o local mais maléfico e maculado.
Myoho-renge-kyo é a “verdade mística inerente nos seres vivos” (CEND, v. I, p. 3).
E é por isso que, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, podemos lustrar o espelho embaçado da “mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida” tornando-o “um espelho límpido, que refletirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade (Ibidem, p. 4), e, desse modo, revelar nossa natureza de buda interior. Em outras palavras, podemos manifestar a “verdade mística inerente” (Ibidem, p. 3) e acessar o potencial infinito que reside dentro de nós.
Myoho-renge-kyo é a Lei inerente à nossa vida. A transformação interna de momento a momento que efetuamos mediante a recitação do Nam-myoho-renge-kyo acarreta não somente uma mudança fundamental em nossa mentalidade, mas no nosso modo de vida como um todo, colocando-nos no rumo da consecução do estado de buda nesta existência. Além disso, gera uma onda de grande transformação de toda a humanidade chamada kosen-rufu. Myoho-renge-kyo é o pulsar dinâmico da mudança em todas as esferas.
O fato de o Myoho-renge-kyo ser a Lei inerente à nossa vida suscita outra questão a ser considerada: ou seja, a relação entre a mente da ilusão — uma mente encoberta pela escuridão inata - e a mente da iluminação, ou “myo” — uma mente iluminada pela natureza essencial dos fenômenos e pelo verdadeiro aspecto da realidade.
Se simplesmente seguirmos nossa mente não iluminada, facilmente influenciável, nosso potencial definhará rapidamente. Ou pior, podemos ceder a impulsos negativos e destrutivos. Essa é a natureza sutil dos trabalhos da mente.
Como nossa mente é a chave para atingirmos o estado de buda nesta existência, precisamos vencer nossas próprias fraquezas internas e é justamente nessa circunstância que atua nossa prática budista.
A mente iludida das pessoas comuns está sempre vacilando. Não devemos tomar essa mente, que muda e se altera constantemente, como base ou guia. É esse o significado da famosa passagem do sutra: “Devemos ser mestres de nossa mente em vez de permitir que ela nos domine” (CEND, v. I, p. 525).
Daishonin cita esse trecho referente a se tornar mestre da mente em várias partes de suas escrituras, fornecendo uma importante diretriz para seus seguidores. Tornar-se mestre da própria mente significa possuir uma sólida bússola na vida e o luminoso farol da fé.
Não devemos nos deixar dominar pela nossa mente não iluminada que muda conforme as circunstâncias. Necessitamos de um mestre para ajudar a guiá-la na direção certa. Nesse sentido, os verdadeiros mestres da mente são a Lei budista e os ensinamentos do buda. Shakyamuni jurou fazer da Lei à qual havia se iluminado o mestre ou guia de sua mente, e orgulhava-se de viver de modo fiel a esse juramento. Esse é o significado de viver “confiando na Lei”, salientado por Shakyamuni em sua derradeira injunção a seus discípulos antes de morrer.
Permitir que a nossa mente nos domine consiste em adotar a nós próprios e nossos impulsos egoístas como alicerce. No fim, nossa mente instável nos atirará de um lado para outro, sucumbiremos ao egoísmo e mergulharemos nas profundezas da escuridão ou ignorância.
De maneira inversa, dominar a nossa mente indica adotar a Lei como nossa base.
Um mestre no budismo é alguém que conduz e conecta as pessoas à Lei, ensinando-lhes que a Lei com a qual elas devem contar existe dentro da própria vida. Os discípulos, por sua vez, buscam o mestre que incorpora e é uno com a Lei. Mirando-se no mestre como modelo, eles se empenham na prática budista. Dessa forma, abraçam um modo de vida que os habilita a dominar a mente.
Para se atingir o estado de buda nesta existência, é indispensável que haja um mestre — aquele que incorpora e vive de acordo com a Lei e ensina às pessoas sobre o vasto potencial interior que elas possuem.
Sou o que sou hoje por causa de meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que praticou conforme os ensinamentos do Buda e dedicou a vida à ampla propagação do Budismo de Nichiren Daishonin na época atual. O Sr. Toda está sempre comigo, como meu mestre espiritual. Ainda continuo mantendo um diálogo com ele em meu coração a todo instante. Esse é o espírito de unicidade de mestre e discípulo.
Aqueles que sempre mantêm firmemente seu mestre espiritual como um modelo e bússola e se esforçam conforme esse mestre ensina são os que vivem com base na Lei. O Budismo de Nichiren Daishonin é um ensinamento fundamentado na unicidade de mestre e discípulo.
8.8 Quando mudamos a nossa vida, o mundo à nossa volta se transforma
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B2
“O que importa é o coração”
INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda explana o princípio budista da transformação, por meio do qual podemos alcançar amplo estado de vida e, desse modo, fazer brilhar o nosso ser, as pessoas que nos cercam e o local onde vivemos.
Discurso do presidente Ikeda
Adaptado da Preleção sobre os capítulos “Meios” e “Duração da Vida” do Sutra do Lótus,
v. 3, publicado em japonês
em junho de 1996.
Nichiren Daishonin afirma:
Espíritos famintos veem o Rio Ganges como fogo, os seres humanos o veem como água, e os seres celestiais, como amrita. Embora a água seja a mesma, ela se manifesta de forma distinta dependendo do efeito cármico originado no passado. (CEND, v. I, p. 508)
A maneira como percebemos os fatos difere de acordo com o nosso estado de vida. Quando nosso estado de vida muda, o nosso ambiente também muda. Essa é a essência da doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida” exposta pelo Sutra do Lótus.
Aludindo às infindáveis perseguições que vivenciara ao longo de sua vida, Daishonin afirma:
Dia após dia, mês após mês, ano após ano, tenho sofrido perseguições. As adversidades e os obstáculos menores têm sido tantos que é impossível contá-los, mas as grandes perseguições se resumem em quatro. (CEND, v. I, p. 250)
Mesmo durante o exílio na Ilha de Sado, a mais severa das perseguições que sofrera, ele declara: “Sinto imensa alegria mesmo estando exilado” (Ibidem, p. 405). Daishonin observa serenamente a situação a partir de sua elevada condição de vida, tão vasta e ilimitada quanto o universo.
Tsunesaburo Makiguchi, presidente fundador da Soka Gakkai, suportou o cárcere durante a época da guerra, por defender suas crenças, com um estado de espírito semelhante, escrevendo numa carta redigida na prisão: “O que estou passando agora não é nada comparado aos sofrimentos de Daishonin em Sado”; e “Dependendo do estado mental, mesmo o inferno pode ser agradável”. Esta última sentença foi censurada e apagada pelo promotor.
Estabelecer um estado de vida tão altaneiro é o propósito máximo da humanidade.
Uma única flor pode modificar completamente uma atmosfera sombria. O importante, portanto, é ter a disposição, a determinação, de aprimorar o seu ambiente, de mudá-lo para melhor, mesmo que apenas um pouco. Como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin que se empenham sinceramente na fé, não podemos deixar de transformar a nossa vida de modo retumbante. Desfrutaremos infalivelmente de felicidade e prosperidade. Esse é um princípio imutável do budismo.
Nossa atitude muda tudo. Esse é um dos grandes prodígios da vida e, ao mesmo tempo, uma realidade incontestável.
Há um provérbio que diz: “Não te queixes porque a roseira tem espinhos; alegra-te porque o espinheiro tem rosas”. Nossa percepção se altera dependendo de nossa perspectiva, tornando-se clara, bela e ampla.
Nichiren Daishonin refere-se às “ações maravilhosas da mente única” (OTT, p. 30). A mente concentrada da fé no Gohonzon possui poder e funções que são realmente imensos e extraordinários. Quando o motor fundamental de nossa “mente única” — nossa postura interior, ou determinação — começa a funcionar, e as engrenagens de todos os fenômenos dos três mil mundos são colocados em movimento, tudo começa a mudar. Movemos tudo para uma direção radiante e positiva.
Quando envoltos pela grandiosa condição de vida do estado de buda, nós próprios, as pessoas que nos cercam e o lugar onde vivemos, irradiamos a luz da felicidade e da esperança. Esse é o poder do Nam-myoho-renge-kyo dos “três mil mundos num único momento da vida”. Assim opera o princípio budista da transformação dinâmica.
8.9 Devotando-nos à nossa missão
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B3

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda salienta que nos devotarmos à nossa missão onde nos encontramos neste exato momento constitui o caminho para incorporarmos pessoalmente o ensinamento de Daishonin de que “O que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000).
Discurso do presidente Ikeda
proferido numa reunião comemorativa de líderes
alusiva ao Dia da Fundação da Soka Gakkai, Tóquio, 12 de novembro de 1989.
Na vida, nem tudo ocorre como esperamos desde o início. Há muitos casos nos quais, por várias razões, passamos longos períodos de nossa vida em lugares que preferiríamos não estar. Como lidar com isso? Como viver uma vida realizada e vitoriosa, de uma maneira condizente àquilo que pensamos, diante de tais situações? Eis o desafio.
Com demasiada frequência, as pessoas reagem a esse tipo de circunstância, lastimando-se de seu infortúnio, ressentindo-se do ambiente e das pessoas que se encontram nele, até o fim de seus dias. Há um número incontável de pessoas assim no mundo. Também existem as que são levadas a buscar o sucesso e honra mundanos e o elogio e a admiração dos outros. Enquanto estes forem o único propósito de sua vida, estarão fadadas a sofrer de insatisfação e ansiedade infindáveis.
Desejos não têm limites; e enquanto o egoísmo predominar, será impossível satisfazê-los. Nem todos numa empresa podem ser presidentes.
Sem dúvida, é natural empreender esforços para mudar e melhorar nosso ambiente e circunstâncias. Mas é ainda mais essencial protegermos resolutamente o lugar onde estamos agora, nossa “fortaleza”, ou nossa casa, por assim dizer. Devemos nos dedicar à nossa missão e, nessa qualidade, criar um sólido histórico de conquistas de um modo exclusivamente nosso.
Algumas pessoas nunca estão sob holofotes nem se encontram em posição de receber louvores e reconhecimento dos outros. Mas “o que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000). A grandiosidade de um ser humano não é determinada pelo status social. Nossa felicidade não é definida pelo ambiente. Em nosso coração, em nossa vida, existe um imenso universo. Praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin para abrir as portas desse ilimitado reino interior.
Se desobstruirmos esse magnificente domínio espiritual, seremos vencedores, não obstante onde possamos estar. Sentiremos incessantemente o maravilhoso sabor de uma existência verdadeiramente profunda.
Muitos perseguem o sucesso e prestígio aos olhos do mundo, mas poucos aspiram a se tornar seres humanos realmente grandiosos.
Outros querem que os cubram de elogios e atenção, mas poucos se esforçam para construir uma felicidade interior que permaneça intacta até o instante da morte e se estenda pelas três existências — passada, presente e futura.
Nossa grandeza e nossa felicidade como seres humanos são determinadas pela força de nossa energia vital e da fé e prática budista dedicada ao kosen-rufu.
Estamos nos empenhando dia após dia em prol do kosen-rufu, um ideal sem precedentes na história da humanidade. Requer perseverança e esforços extraordinários. Em virtude disso, porém, com absoluta certeza construiremos uma vida verdadeiramente realizada.
A maneira como os outros nos veem não tem importância. Sucessos passageiros também não interessam. O que conta no fim de nossa vida é um sorriso de felicidade iluminar o nosso rosto. É podermos olhar para trás e dizer “Minha vida foi vitoriosa. Foi agradável. Não tenho do que me lamentar”. Então, seremos vitoriosos.
Vocês, meus amigos da Divisão dos Jovens, em especial, talvez possam estar enfrentando agora situações extremamente árduas e desafiadoras. Pode parecer que honrarias impressionantes estejam além de seu alcance. Tudo bem. Simplesmente continuem a se esforçar dando o máximo de si para concretizar seus ideais, no local de sua missão pessoal. É assim que se constrói uma “fortaleza” indestrutível de vitórias eternas dentro do coração.

8.10 Tudo é estímulo para a revolução humana

Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B3

“O que importa é o coração”

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda nos encoraja carinhosamente afirmando que, quando nos esforçamos na prática budista em prol do kosen-rufu, tudo — até a doença e outros desafios pessoais — pode servir como um “vento de cauda” para assegurar uma vida de felicidade eterna.
Discurso do presidente Ikeda
extraído de uma mensagem enviada para a Convenção da Província de Iwate em 16 de setembro de 1996.
No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin descreve as funções da vida como algo “estrito [sem uma única exceção]”, acrescentando que os três mil mundos, cada um deles, existe em nossa vida (OTT, p. 22). 
Nenhum de nós pode escapar da rigorosa lei de causa e efeito que opera em nossa vida. Isso é fato. 
O registro cumulativo de nossos atos, palavras e pensamentos nesta existência — as três categorias de ação — determina o curso de nossa vida pelas três existências: passada, presente e futura.
Por isso, Nichiren Daishonin ensina que todos os nossos esforços em prol do kosen-rufu — recitar daimoku, falar aos outros sobre o budismo e empreender ações pela felicidade de outras pessoas — produzem boas causas e benefícios em nossa vida. Consequentemente, não há necessidade de se preocupar com o quadro aparente dos acontecimentos no curto prazo.
Se estiver doente, faça de conta que está participando de um treinamento para escalar a imponente montanha do estado de buda. Imagine-se transpondo uma ladeira seguida de outra, de modo que, no fim, possa ficar de pé no topo e apreciar infinitamente a vista majestosa. Ou faça de conta que está atravessando a nado mares revoltos rumo à distante e cintilante ilha da esperança e felicidade eterna.
Viva com o espírito de que tudo o que fizer estará registrando brilhantes realizações em seu maravilhoso histórico de vitórias eternas.
Se praticar o Budismo de Nichiren Daishonin, nada em sua vida será em vão. Viva sem hesitação, medo ou arrependimentos.
Jamais se esqueça de que tudo é um vento de cauda que o impulsionará para a felicidade eterna.
Todos os brotos de arroz amadurecem no ano em que são plantados, embora alguns amadureçam mais cedo, outros, mais tarde. Da mesma forma, assegura-nos Daishonin, todas as pessoas, contanto que perseverem em sua fé e prática budista, atingirão a nobre condição do estado de buda nesta existência (WND, v. II, p. 88).
8.11 Cultivar um estado de vida elevado imbuído das “quatro virtudes”
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B4
“O que importa é o coração”

INTRODUÇÃO 
Aqueles que fundamentam a vida na Lei Mística conseguem alcançar um estado de vida inabalável, imbuído das “quatro virtudes” ou nobres qualidades da vida do buda —eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza —, observa o presidente Ikeda, salientando a importância de se desenvolver uma fé solidamente enraizada, para que seja capaz de suportar quaisquer tempestades cármicas ou adversidades.
Discurso do presidente Ikeda proferido na Convenção da SGI-Europa no Centro Cultural de Taplow Court, Reino Unido, em 28 de maio de 1989.
No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin afirma: “Quando, nesses quatro estados de nascimento, envelhecimento, doença e morte, recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos com que exalem a fragrância das quatro virtudes” (OTT, p. 90).
As “quatro virtudes”, ou quatro nobres qualidades da vida do buda — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — referem-se ao estado mais elevado que podemos alcançar como seres humanos, uma condição de liberdade e felicidade irrestritas.
“Verdadeiro eu” representa um estado de liberdade tão vasto quanto o universo, no qual podemos usufruir nosso eu verdadeiro ou maior.
“Eternidade” indica o dinamismo da vida, que se renova incessantemente, a evolução criativa da vida, que rompe qualquer estagnação.
“Pureza” designa a ação de purificar o egoísmo mesquinho do nosso eu menor, por meio da poderosa energia vital do nosso eu maior.
E “felicidade” consiste na alegria da vida, pulsando dinami­camente de momento a momento; também corresponde a possuir um caráter plenamente primoroso, que transmite alegria a todos ao redor. Desse modo, o caráter de uma pessoa, quando iluminado pela Lei Mística, se assentará firmemente no “eu maior”, um estado de ilimitada liberdade, que permeia todo o universo, transformando qualitativamente até mesmo a energia dos desejos mundanos focados no egocêntrico “eu menor”. Em outras palavras, a energia dos desejos mundanos pode ser sublimada e convertida em extraordinária sabedoria e compaixão; pode ser redirecionada a um nível mais elevado, que transcende o individual e beneficia outras pessoas, a comunidade e a sociedade como um todo.
Esse é o princípio budista que elucida que “desejos mundanos são iluminação”, abrindo amplo e radiante caminho, por meio do qual podemos nos empenhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento concomitantemente ao de outras pessoas, enquanto trabalhamos ativamente para construir uma sociedade ideal.
Quais os ingredientes da felicidade? Eis uma das questões fundamentais da vida.
O fator determinantemente crucial para a felicidade é o nosso estado de vida interior.
Aqueles que possuem uma condição existencial interior ampla são felizes. Eles vivem seus dias com um espírito aberto e confiante.
As pessoas com um estado de vida sólido são felizes. Não são vencidas pelo sofrimento e conseguem apreciar tranquilamente a vida, conforme ela vai se desenrolando.
Aquelas possuidoras de um estado de vida profundo são felizes. Glorificando o arraigado significado da vida, conseguem produzir um histórico de valor significativo e duradouro.
As pessoas dotadas de um estado de vida puro são felizes. Elas estão sempre espalhando revigorante alegria aos que estão à sua volta.
Existe um número incontável de indivíduos agraciados pela riqueza, posição social e outros benefícios materiais, mas que são infelizes. E essas circunstâncias externas são mutáveis e inconstantes; ninguém sabe quanto tempo elas vão durar.
Quando, porém, estabelecemos um estado interior inabalável de felicidade, ninguém consegue destruí-lo. Nada pode violá-lo. Edificar esse grandioso estado de vida é o propósito da prática budista. O importante é jamais se afastar do Gohonzon, nunca parar de progredir na fé.
No curso da vida, você está fadado a enfrentar todos os tipos de adversidades. Algumas vezes, poderá se ver sem alternativas. É por essa razão que precisa fortalecer sua fé e recitar daimoku com seriedade. Por mais difícil que possa ser, quando galgar a escarpada montanha do seu carma, um novo horizonte se abrirá amplamente diante de você. A prática budista é uma repetição desse processo. Um dia atingirá um estado de felicidade absoluta que jamais será destruído.
Desenvolva uma fé profunda e firmemente enraizada. Quando uma muda possui raízes fortes e recebe sol e água suficientes, cresce, tornando-se uma árvore alta e robusta, mesmo sendo fustigada por intempéries. O mesmo ocorre com a nossa prática budista e a nossa vida. Espero que todos vocês sejam pessoas corajosas, que propagam com alegria a grandiosa luz da felicidade por todo esse conturbado mundo, e que sua vida seja prova individual da genuína magnificência do Budismo de Nichiren Daishonin.



quinta-feira, 21 de maio de 2015

Matéria Reunião dia 21/05/2015 - A vida de Sakyamuni

Edição 1674 - Publicado em 09/Novembro/2002 - Página A6
Sakyamuni viveu na antiga Índia há cerca de três mil anos e desenvolveu uma profunda e eterna filosofia de vida, frequentemente conhecida como a biblioteca de oitenta mil sutras. Assim, refutou a filosofia do bramanismo que dominava a Índia daquela época.
Nasceu como príncipe do clã Sakya, que mantinha o domínio de um pequeno reino ao norte da Índia, próximo ao Himalaia, e seu nome de infância era Siddharta Gautama. Diz-se que sua mãe, a rainha Maya, veio a falecer uma semana após seu nascimento, e em consequência, Sakyamuni foi criado por uma tia materna. Por ser um príncipe, ele sempre desfrutou de muito conforto, possuindo vários palácios à sua disposição, além de vários criados para servi-lo. Foi educado também em diversas artes visando à sua formação como um príncipe que herdaria o trono no futuro.
Sakyamuni casou-se com a bela Yashodhara, com quem teve um filho que mais tarde tornou-se um dos seus dez principais discípulos, chamado Rahula.
Quando todos achavam que ele seguiria a vida de príncipe e herdaria o trono, Sakyamuni resolveu abandonar tudo e seguir a vida religiosa. Em seu pensamento havia questões como “Os homens lutam e matam para dominar os outros com a força militar. Contudo, a conquista da glória, do poder e da supremacia será da mesma forma destruída um dia por uma outra força militar. Além disso, ninguém pode escapar dos sofrimentos da velhice, da doença e da morte. O mais importante não seria buscar uma forma de superar esses sofrimentos?” (Nova Revolução Humana, vol. 3, pág. 100.) Assim, aos dezenove anos, renunciou à vida no palácio e decidiu buscar o caminho do espírito humano, ciente de que não seria possível conquistar a felicidade enquanto os seres humanos não conseguissem solucionar essas questões básicas da vida.
Partindo em direção à capital da época, Sakyamuni resolveu procurar um mestre que pudesse guiá-lo na busca da solução das questões que trazia consigo. Nessa busca encontrou um brâmane que havia atingido um estágio chamado “lugar onde nada existe”; em pouco tempo Sakyamuni atingiu esse estágio, porém não conseguiu encontrar suas respostas. Procurou então uma segunda pessoa, um brâmane que havia atingido um estágio denominado “lugar onde não há pensamento nem ausência de pensamento”; novamente Sakyamuni atingiu esse estágio com rapidez, porém concluiu que não era esse tipo de percepção que procurava. Ele queria atingir uma percepção que libertasse as pessoas dos sofrimentos da velhice, da doença e da morte.
Sakyamuni tentou também as práticas de austeridades para purificar o corpo, atingindo um grau de mortificação que nenhum asceta ousava chegar, porém percebeu que essa prática também não o conduziria ao caminho correto.
Após praticar e conhecer várias austeridades e ensinos, decidiu que se sentaria em baixo de uma árvore de Bodhi (figueira) e meditaria até que atingisse a iluminação. A partir de então passou a travar uma intensa luta no âmago de sua vida, com seu próprio eu, seus sofrimentos, medos, desejos mundanos, ilusões etc. Assim, alcançou o domínio sobre a natureza mística da vida, por meio da qual obteve também a convicção de que poderia desenvolver ilimitadamente sua condição de vida. Todas as adversidades, obstáculos e perseguições já eram para ele como partículas de pó diante do vento.
Após atingir a iluminação sob a árvore Bodhi aos trinta anos de idade, Sakyamuni levantou-se como um grande leão em prol da felicidade das pessoas e começou a caminhar vividamente para propagar seus ensinos. 
Preocupado em quem poderia ajudá-lo a propagar a percepção que ele havia atingido, procurou os ascetas com quem havia praticado austeridades antes de seguir seu próprio caminho para atingir a iluminação. Ao ouvirem sobre sua iluminação, eles duvidaram no início, mas logo tornaram-se seus discípulos. 
Sakyamuni viveu parte de sua vida em um local chamado Parque dos Cervos, e começou a propagar seus ensinos de acordo com a compreensão das pessoas e com a ajuda dos ascetas. Desde então, durante cinqüenta anos, pregou diversos sutras, explanando importantes princípios de forma extensa e variada. Cada sutra, apesar de conter uma profunda filosofia, é como se fosse apenas um fragmento. Para a compreensão total de sua filosofia, fez-se necessária uma sistematização organizada de todos os seus sutras. Um dos métodos de sistematização, considerado o mais perfeito, foi estabelecido por Tient’ai e é conhecido como os cinco períodos e oito ensinos. De acordo com esse método, no quinto período, correspondente aos oito últimos anos de sua vida, Sakyamuni pregou o mais elevado dos seus ensinamentos, o Sutra de Lótus de 28 capítulos, considerado como a própria razão do seu advento neste mundo. 
Analisando a vida de Sakyamuni, podemos perceber alguns pontos importantes para a nossa prática budista nos dias de hoje, em especial como membros da SGI. Por exemplo, quando ainda jovem, ele abandonou o mundo secular e partiu em busca da resposta às questões fundamentais da vida. Apesar de seu empenho em procurar diversos mestres do bramanismo, acabou não conseguindo seu intento. Com isso, percebe-se o quanto é importante encontrar um verdadeiro mestre que nos direcione ao correto caminho da felicidade. Por outro lado, a dedicação fortemente motivada de Sakyamuni para transmitir às pessoas acerca de sua própria iluminação é também um ponto muito importante a ser constantemente observado em nossas ações visando à felicidade das pessoas. Quando nos dedicamos a ensinar o budismo a outras pessoas, ajudando-as a compreender a visão budista sobre as questões da vida, devemos manifestar o desejo de “extrair-lhes o sofrimento” para ensinar-lhes o correto caminho para a felicidade, sempre considerando seu grau de entendimento. 
Agindo sempre como um nobre humanista, Sakyamuni promovia palestras com diversas pessoas, criando oportunidades para apresentarem suas dúvidas, expondo assim seus ensinos por meio de diálogos livres e abertos. Ele falava das profundezas de sua vida, exprimindo do âmago de seu ser o amor e a benevolência por todas as pessoas. O estímulo e o caloroso sentimento que transmitia por meio de seu diálogo repleto de humanismo constituíram a fonte do amplo desenvolvimento do budismo. Em contrapartida, devido à rápida divulgação de seus ensinos, Sakyamuni enfrentou diversos tipos de perseguições durante toda a sua vida. 
Na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda comenta: “Ninguém pode escapar dos sofrimentos da vida, nem mesmo um Buda. A fé é justamente a força que possibilita todas as pessoas a erguerem-se das profundezas dos sofrimentos para então dedicar a vida em prol do cumprimento da missão. Eis o caminho do Buda, o caminho do sábio e o caminho dos homens.” (Vol. 3, pág. 144.) 
De toda forma, mesmo enfrentando inúmeras provações, Sakyamuni permaneceu inabalável em suas convicções. Até o momento de sua morte, com mais de oitenta anos de idade, propagou o budismo para o bem de toda a humanidade.


Matéria Reunião dia 14/05/2015 - Significado do Nam-Myoho-Rengue-Kyo

“Se acreditamos na Lei Mística e recitamos o Nam-myoho-renge-kyo, pondo nossa vida ao ritmo da Lei do universo, podemos desenvolver um ‘eu’ forte, rico e saudável que brilha com intelecto e sabedoria e transborda de felicidade por toda a eternidade” Dr. Daisaku Ikeda
O Nam-myoho-renge-kyo é a expressão da verdade suprema da vida, a essência do Sutra do Lótus. Recitando-o com forte fé, a pessoa atinge sem falta o estado de buda. 
Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo, recitando-o pela primeira vez no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253 e apresentou o caminho direto para a iluminação de todas as pessoas das futuras gerações.
Myoho-renge-kyo é o título do Sutra do Lótus, o ensinamento do primeiro Buda registrado historicamente, Shakyamuni, que viveu na Índia há aproximadamente três mil anos. Muitas eras decorreram até que no século 13, no Japão, Daishonin, após ter estudado a fundo as principais doutrinas, chegou à conclusão de que o Sutra do Lótus continha o ensinamento mais profundo de Shakyamuni e que o título Myoho-renge-kyo era sua essência. Ao antepor a palavra Nam, que deriva do sânscrito Namas e significa “devotar a própria vida”, aos cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo, ele transformou o que seria um simples título em um ato de devoção para atingir a suprema condição de vida do estado de buda, ou iluminação. 
Na escritura O Daimoku do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin nos mostra quão extraordinário é conhecer e recitar o Nam-myoho-renge-kyo por meio da seguinte passagem: “Ou suponha que alguém fincasse uma agulha, com o orifício para cima, no topo do Monte Sumeru de um mundo e, posicionando-se no topo do Monte Sumeru de outro mundo, em dia de vendaval, atirasse uma linha a fim de passá-la pelo orifício da agulha. Seria mais fácil conseguir passar a linha pelo orifício da agulha assim do que encontrar o daimoku do Sutra do Lótus. Portanto, quando recitar o daimoku desse sutra, deve estar ciente de que a alegria proveniente dele é maior do que a de uma pessoa cega que começa a enxergar e vê os pais pela primeira vez, e mais raro do que um homem que, tendo sido preso por um poderoso inimigo, é solto e reencontra a esposa e os filhos” (CEND, v. I, p. 149).
Analisemos agora o significado literal da expressão “Nam-myoho-renge-kyo”:
Nam: derivado do sânscrito Namas, significa “devotar a própria vida”.
Myoho-renge-kyo: título do Sutra do Lótus, o principal ensinamento do buda Shakyamuni.
Myoho: Lei Mística, a realidade imutável e essencial de todos os fenômenos.
Myo: quer dizer místico, não no sentido de milagre, mas indicando que o mistério da vida é de inimaginável profundidade e, portanto, além da compreensão do homem.
Ho: significa lei. A natureza da vida é tão mística e profunda que transcende o âmbito do conhecimento humano. Uma lei familiar é encontrada no desenvolvimento do ser humano. Ele nasce como um bebê, cresce para ser um jovem e se torna idoso para morrer. Isso é, obviamente, uma inquebrável lei, regulando cada espécie de vida. Ninguém jamais pode nascer como um adulto ou escapar desse ciclo.
Renge: significa flor de lótus. A flor de lótus simboliza a simultaneidade de causa e efeito, pois germina a flor e a semente ao mesmo tempo. O budismo esclarece que todos os fenômenos do universo são regidos por essa lei. Em termos de pessoas, a condição da vida presente é o efeito das causas acumuladas no passado, e o momento presente é a causa da condição da sua vida futura. Esse princípio da simultaneidade de causa e efeito indica que os nove mundos (causa) e o mundo do estado de buda (efeito) existem simultaneamente em cada momento da vida, não havendo, portanto, nenhuma diferença fundamental entre um buda e uma pessoa comum. Em termos de prática, Daishonin ensinou que, quando uma pessoa recita Nam-myoho-renge-kyo com fé (causa) no Gohonzon, o estado de buda (efeito) manifesta-se instantaneamente no seu interior.
Kyo: refere-se ao sutra ou ao ensinamento do Buda, que é eterno; propaga-se pelas três existências da vida — passado, presente e futuro —, transcendendo as condições mutáveis do mundo físico e do ciclo de nascimento e morte. Pelo fato de Shakyamuni ter ensinado por meio da pregação — ou seja, ele usou a própria voz —, a palavra kyo é algumas vezes interpretada como “som”. Nichiren Daishonin declarou em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: “Kyo corresponde às palavras e ao discurso, ao som e à voz de todos os seres” (GZ, p. 508). O ideograma chinês usado para designar kyo significa o ensinamento que deve ser preservado e transmitido para a posteridade. Esse ideograma era empregado na China com o significado de “livros” ou “clássicos”, como no caso do confucionismo e do taoísmo. Quando as escrituras budistas foram levadas da Índia para a China, o ideograma era usado com o significado de “sutra”. É nesse sentido que Nichiren Daishonin interpreta a palavra quando diz: “Aquilo que é eterno, que se propaga pelas três existências, é chamado kyo” (Ibidem).
Assim, do ponto de vista do significado literal, o Nam-myoho-renge-kyo abrange todas as leis, toda a matéria e todas as formas de vida existentes no universo. Se expandirmos ao espaço ilimitado, é o mesmo que a vida do universo, e se condensarmos ao espaço limitado, é igual à vida individual dos seres humanos. No entanto, essa ideia é superficial, pois a mera tradução dos ideogramas não expõe a profundidade da Lei Mística em sua totalidade. Na verdade, o budismo não se compreende racionalmente apenas, mas sim com a nossa própria vida.
A recitação diária, pela manhã e à noite, do Nam-myoho-renge-kyo é a prática fundamental do budismo. Nichiren Daishonin ensinou que, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, com fé no Gohonzon, podemos manifestar a Lei Mística — a realidade fundamental, a essência da nossa vida. Somente com a sincera recitação do Nam-myoho-renge-kyo conseguimos elevar nossa condição de vida. Na prática, essa recitação nos proporciona sentimentos positivos, como alegria, coragem, esperança, sabedoria para desafiar e superar as dificuldades do dia a dia. Em Resposta a Kyo’o, Daishonin nos orienta sobre a força do Nam-myoho-renge-kyo por meio da célebre frase: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431).
O presidente Ikeda também nos indica a boa sorte da recitação do Nam-myoho-renge-kyo na seguinte orientação: “Se acreditamos na Lei Mística e recitamos o Nam-myoho-renge-kyo, pondo nossa vida ao ritmo da Lei do universo, podemos desenvolver um “eu” forte, rico e saudável que brilha com intelecto e sabedoria e transborda de felicidade por toda a eternidade. Assim como o buda está dotado dos dez títulos honoríficos, nós também seremos coroados com imensa boa sorte e benefício. Nós praticamos o budismo de Nichiren Daishonin para construirmos um brilhante palácio de felicidade nas profundezas de nossa vida” (Brasil Seikyo, ed. 1.586, 1o jan. 2001).
Independentemente das circunstâncias, a continuidade da recitação da Lei Mística é de suma importância. É o que Daishonin nos ensina no escrito A Felicidade neste Mundo, dedicado a Shijo Kingo: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei? Fortaleça o poder de sua fé mais do que nunca” (CEND, v. I, p. 713).


terça-feira, 5 de maio de 2015

Matéria Reunião 07 de Maio de 2015

Escuridão Fundamental

 “Escuridão fundamental” (gampon no mumyo, em japonês) é um princípio essencial do Budismo Nitiren. Também conhecido como “ignorância fundamental” ou “ignorância primordial”, é a ilusão mais profundamente arraigada na vida, a qual origina todas as demais ilusões. O termo “fundamental” (gampon) refere-se à real essência ou à verdadeira natureza da vida. E a “escuridão” (mumyo) é a incapacidade de enxergar ou de reconhecer essa natureza.
O Buda Nitiren Daishonin interpreta esse princípio como a ignorância da Lei suprema, ou a ignorância do fato de que nossa vida, em essência, é a manifestação da Lei, da natureza essencial dos fenômenos e da realidade, que é o Nam-myoho-rengue-kyo. Em outras palavras, essa “escuridão” indica a cegueira em relação à verdadeira natureza da própria vida. Portanto, é a ignorância do verdadeiro eu.
A escuridão fundamental da vida pode ser comparada ao breu da noite ou a uma espessa névoa que impede as pessoas de discernirem as formas e as cores. Quando ela se manifesta, age sorrateira e sutilmente torna a pessoa incapaz de enxergar e reconhecer a verdade ou a essência de tudo o que a cerca. Essa escuridão inata impede que a verdadeira natureza da vida seja reconhecida. As suas diversas manifestações, tais como a violência, a corrupção, o autoritarismo, a traição, a discriminação, entre outras, são igualmente obscuras e tenebrosas.
Uma pessoa tomada por esta escuridão, que não consegue enxergar a natureza da própria vida, passa a ignorar também outras pessoas. É por essa razão que atos bárbaros como a guerra continuam sendo praticados no mundo inteiro, tirando a vida de um grande número de pessoas, sempre sob justificativas diversas de ordem política, econômica ou ideológica, normalmente aceitas com naturalidade. Obviamente, à luz da verdadeira natureza da vida, não há nada que justifique esse grande mal perpetrado à humanidade.
Em contraste com a “escuridão fundamental”, existe o termo “natureza fundamental da iluminação” (gampon no hossho) que indica a percepção da verdadeira natureza da vida, isto é, da natureza de Buda inata na vida. Na prática, essa percepção corresponde à revolução humana individual, ou seja, a manifestação de nosso infinito potencial tendo como base a fé no Gohonzon.
Nitiren Daishonin, ao derrotar as maldades e suplantar as adversidades em sua vida, venceu a ilusão e a escuridão fundamental, manifestando a grandiosa condição de vida da Lei Mística, e representou esta magnânima condição de vida em forma de Gohonzon, ensinando-nos o caminho para atingir a iluminação nesta existência, edificando o verdadeiro eu.
É importante compreendermos que o que nos impede de manifestarmos a Lei Mística em nossa vida é a escuridão fundamental que reside em nós. Ela possui a grande força de causar o sofrimento e a infelicidade. O seu verdadeiro aspecto é a ignorância. Entretanto, esta ignorância pode ser rompida e vencida pela grandiosa sabedoria do Buda, que é o próprio Gohonzon. A fé no Gohonzon é a força capaz de romper essa escuridão. Dessa forma, o que combate essa ilusão é o poder da fé.
Quando nos conscientizamos de que somos a manifestação da própria Lei Mística, a ilusão ou escuridão se dissipa imediatamente. Analogamente, a Lei Mística é como o Sol, enquanto a escuridão é como as nuvens escuras que o cobrem. Quando as nuvens se dispersam, os raios brilhantes do Sol chegam sem impedimentos à Terra. Quando rompemos nossa escuridão fundamental, o poder da Lei Mística é ativado instantaneamente, e manifesta-se como diferentes funções criadoras de valor ou benefícios. Esses benefícios e valores diversos derivam do princípio da simultaneidade de causa e efeito. 
Entretanto, apesar da certeza de que todos os seres vivos são entidades da Lei Mística, cuja vida é dotada intrinsecamente do estado de Buda, se não nos empenharmos em dissipar as nuvens da escuridão fundamental, o estado de Buda não se manifestará efetivamente em nossa vida. Esta condição não é algo que se atinge com uma atitude tímida e passiva, que se restringe a recitar Daimoku mecanicamente, e muito menos se algum sacerdote orar por nós.
Depende de cada pessoa recitar Daimoku e empreender uma luta individual para dissipar a escuridão de sua vida. Como ela se refere à ilusão interior, a batalha para vencê-la deve ser travada interiormente. Em poucas palavras, essa luta implica perseverar na fé.
O propósito principal da prática budista é “iluminar” a “escuridão” da vida, isto é, compreender as causas que geram o sofrimento e, assim, agir para mudar a própria condição ou situação. É elevar o nosso estado de vida, munindo-nos de coragem e sabedoria para mudar. Uma pessoa iluminada, ou no estado de Buda, é aquela que manifesta força, coragem, esperança, sabedoria e que se eleva acima das próprias dificuldades. Uma vez iluminada, ela ultrapassa e vence as dificuldades, enxergando melhor a essência da vida.
Na vida de todo ser humano, a cada instante, processa-se uma batalha entre a escuridão fundamental e a iluminação. Que lado vai vencer? Isso dependerá da condição de vida predominante da pessoa, os chamados Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda).
Apesar de recitar Daimoku, se ficarmos presos às nossas próprias limitações, sem desafiá-las no momento crucial, seremos derrotados pela ilusão ou escuridão fundamental.
Budismo é vitória ou derrota. Conquistamos a verdadeira vitória na vida quando enfrentamos e vencemos nossos aspectos internos, quando vencemos nossa batalha interior.
No escrito “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin nos ensina: “Quando uma pessoa é dominada pela ilusão, é chamada de mortal comum, mas quando iluminada, é chamada de Buda. Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 4.)

Esta frase revela que todas as pessoas, assim como tudo no Universo, possui inerente tanto a escuridão como a iluminação. Em outras palavras, a “verdadeira natureza da vida” pode manifestar tanto a “iluminação” pela percepção da sua natureza de Buda como a “escuridão” quando dominada pela ilusão. De acordo com o sutra Shrimala, a escuridão fundamental é a ilusão mais difícil de ser vencida e só pode ser erradicada por meio da sabedoria do Buda. Esse é o significado da frase final deste escrito de Daishonin: “Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”.
Em um de seus discursos, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “O mundo atual carece intensamente de esperança, de uma perspectiva positiva pelo futuro e de uma sólida filosofia. Não há nenhuma luz brilhante a iluminar o horizonte. Tudo está num impasse — a economia, a política e as questões ambientais e humanitárias. E os próprios seres humanos — a força motriz de todas essas esferas — também estão perdidos e não sabem como avançar. É por isso que nós, os Bodhisattvas da Terra, aparecemos. É por isso que o Budismo do Sol de Nitiren Daishonin é tão essencial. Levantemo-nos, segurando bem alto a tocha da coragem e a filosofia da verdade e da justiça. Nós começamos a agir para romper corajosamente a escuridão dos quatro sofrimentos do nascimento, da velhice, da doença e da morte, e também a escuridão da sociedade e do mundo”. (Brasil Seikyo, edição no 1.387, 19 de outubro de 1996, pág. 4.)
Em outro escrito de Daishonin, consta: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”. (Gosho Zenshu, pág. 1.598.) Todos são pessoas valorosas. Daishonin ressalta que respeitar os outros, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que realizar o Chakubuku é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também.
Realizar o Chakubuku, que tem como finalidade conduzir as pessoas à iluminação com base na filosofia e no espírito benevolente do Sutra de Lótus, é a prática budista do mais elevado respeito à vida. É a prática correta para dissipar tanto a escuridão fundamental que se aloja na vida das pessoas como na de nossa própria vida.