quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Matéria Reunião dia 03/09/2015 - História da Soka Gakkai

História da Soka Gakkai
Edição 562 - Publicado em 13/Junho/2015 - Página 54
A Soka Gakkai surgiu com a missão de propagar mundialmente o Budismo de Nichiren Daishonin. Portanto, esta é uma organização que herdou a ordem e o desejo do buda Nichiren Daishonin de realizar a paz, visando ao bem-estar da humanidade. O ensinamento de Daishonin tornou-se conhecido em mais de 192 países e territórios por meio dos esforços da Soka Gakkai. A essência do Sutra do Lótus e do Budismo Nichiren encontra-se na crença de que todas as pessoas, sem exceção, possuem o estado de buda e podem manifestá-lo. É a filosofia que prega o humanismo e o respeito absoluto à dignidade da vida. As diversas atividades da Soka Gakkai têm o propósito de contribuir para o desenvolvimento da cultura humana e da paz mundial com base no ideal humanístico exposto por Nichiren Daishonin.

A época de Tsunesaburo Makiguchi
Tsunesaburo Makiguchi nasceu em 6 de junho de 1871, na província de Niigata. Na adolescência, mudou-se sozinho para Hokkaido, norte do Japão, para trabalhar e manter seus estudos. Aos 18 anos, matriculou-se na Escola Normal de Hokkaido (atual Faculdade de Pedagogia de Hokkaido). Após a formatura, atuou como professor de ensino fundamental.
Como gostava de estudar geografia, Makiguchi escreveu sua primeira obra sob o título Jinsei Chirigaku (Geografia da Vida Humana). Ele se mudou para Tóquio, em 1901, com o objetivo de publicá-la, o que aconteceu dois anos depois. Em Tóquio, exerceu a função de diretor em diversas escolas de ensino fundamental.
Seu discípulo, Josei Toda, nasceu em 11 de fevereiro de 1900, na província de Ishikawa. Por volta de 1902, sua família migrou para a Vila Atsu­ta, em Hokkaido. Toda trilhou pelo caminho da educação e tornou-se professor de ensino fundamental.
Em 1920, ele deixou a Vila Atsuta e foi para Tóquio onde foi contratado como professor substituto na Escola de Ensino Fundamental Nishimachi. Nessa escola, Josei Toda conheceu Tsunesaburo Makiguchi, diretor da instituição e, pouco tempo depois, percebendo a grandiosidade de Makiguchi, tornou-se seu discípulo.
Em meio à atuação na área educacional, Makiguchi procurava uma religião para ser a base da sua vida. Em 1928, converteu-se ao Budismo de Nichiren Daishonin, sendo acompanhado por Josei Toda.
A fundação da Soka Kyoiku Gakkai
O professor Makiguchi acumulou vasta experiência na área da educação. Como resultado, escreveu Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema Pedagógico de Criação de Valor), na qual consta o nome Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valor). A obra foi editada por Josei Toda. Por esse motivo, a data de sua publicação, 18 de novembro de 1930, é considerada o dia da fundação da Soka Gakkai (sucessora da Soka Kyoiku Gakkai).
A Soka Kyoiku Gakkai foi estruturada de forma gradativa e começou a atuar efetivamente em 1937 com educadores que simpatizavam com o sistema pedagógico Soka (criação de valor). Mais tarde, passou a ser composta por pessoas de outras áreas e se tornou uma organização de leigos praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin.
Nessa época, a Nichiren Shoshu, com sede no Taiseki-ji (templo principal), era uma pequena entidade religiosa formada por clérigos cujos adeptos compunham uma espécie de paróquia em torno de templos locais e recebiam orientação de seus priores. No entanto, desde a fundação, a Soka Kyoiku Gakkai estabeleceu-se como instituição independente da Nichiren Shoshu. Em torno do presidente Makiguchi e do diretor geral Josei Toda, a organização permaneceu como entidade leiga autônoma e seus integrantes receberam orientações sobre a prática do budismo por intermédio de sua liderança, sem se subordinar ao clero da Nichiren Shoshu.
A prática religiosa desenvolvida na Soka Kyoiku Gakkai objetivava a conquista da felicidade absoluta na vida diária, incentivando os membros a se fortalecer na fé e na prática e atuar pela paz e prosperidade social, sem se prender a rituais religiosos nos templos ou nas ocasiões de casamentos e funerais. Portanto, promoveu a mais correta forma de prática religiosa baseada no espírito original do Budismo de Nichiren Daishonin.
Por meio de reuniões de palestra e de campanhas de shakubuku por todo o Japão, a organização foi se desenvolvendo e chegou a alcançar cerca de 3 mil membros.
A imposição do regime militar japonês
O governo militar japonês, que se inclinava para a expansão da guerra, adotou o xintoísmo como religião oficial e como suporte espiritual da nação. Quando começou a Segunda Guerra Mundial, o governo impôs a unificação das religiões e a adoração do talismã xintoísta.
Em junho de 1943, o clero da Nichiren Shoshu, temendo a repressão do governo militar, instruiu a Soka Kyoiku Gakkai a aceitar o talismã xintoísta. Essa atitude era uma heresia que contrariava os ensinamentos de Nichiren Daishonin. A organização rejeitou a ideia de aceitar o talismã xintoísta, mantendo-se fiel aos ensinamentos budistas. Como consequência, em 6 de julho do mesmo ano, Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e mais 21 líderes da Soka Kyoiku Gakkai foram presos. Diante do rigor dos interrogatórios, somente Makiguchi e o professor Toda mantiveram-se firmes às suas convicções, enquanto os demais abandonaram a fé.
A percepção alcançada na prisão
Na prisão, Josei Toda empenhou-se na recitação do daimoku e na leitura do Sutra do Lótus, chegando à percepção de que “Buda é a própria vida”. Ele entendeu também que era um bodisatva da terra que participara da Cerimônia no Ar, descrita no Sutra do Lótus. Essa percepção ocorreu em novembro de 1944.
Na mesma época, o presidente Makiguchi apresentou um quadro de desnutrição grave em virtude da idade avançada. Assim, em 18 de novembro, data de fundação da Soka Gakkai, Makiguchi faleceu como um mártir aos 73 anos na prisão, em Tóquio. Foi uma nobre existência de ações concretas de “não poupar a própria vida”, conforme consta no Gosho. Pioneiro de seus dias, ele reviveu o espírito do buda Nichiren Daishonin de propagar a Lei Mística e salvar o povo do sofrimento, realizando o shakubuku.
Com a percepção alcançada na prisão, Josei Toda criou inabalável convicção no Budismo de Nichiren Daishonin e a plena consciência da missão como líder do kosen-rufu. O despertar de Josei Toda tornou-se o ponto primordial do progresso da organização do pós-guerra.
Durante uma cerimônia em memória de Makiguchi, o professor Toda disse: “Com sua vasta e ilimitada benevolência, o senhor permitiu-me acompanhá-lo até mesmo na prisão. Graças a isso, li com minha própria vida a passagem do Sutra do Lótus: ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres’. Como resultado desse benefício, entendi o verdadeiro significado do ensinamento dos bodisatvas da terra e, ainda que fosse uma pequena parte, compreendi o significado do Sutra do Lótus com minha vida. Poderia existir felicidade maior que esta?”.
A frase “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres” é uma passagem do capítulo 7 do Sutra do Lótus, “Parábola da Cidade Imaginária”. Ela descreve o eterno laço de mestre e discípulo, que nascem sempre juntos em quaisquer das terras do Buda para se empenhar pela felicidade das pessoas.
Enquanto os outros se afastavam da fé, o professor Toda expressava o sincero sentimento de agradecer a seu mestre Makiguchi, demonstrando o profundo laço de mestre e discípulo existente entre ambos.
A época de Josei Toda
Libertado da prisão em 3 de julho de 1945, Josei Toda iniciou imediatamente a reconstrução da organização. Em março de 1946, alterou o nome Soka Kyoiku Gakkai para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valor) com o propósito de atuar em prol da paz mundial e da felicidade da humanidade, transcendendo o objetivo inicial de promover a reforma educacional.
Ao reencontrar alguns membros, o professor Toda retomou também a realização de reuniões de palestra e de campanhas de shakubuku em várias localidades do interior do Japão.
O encontro com o verdadeiro discípulo
Em meio à reconstrução da Soka Gakkai, Josei Toda conhece um jovem que se tornaria seu fiel discípulo e mudaria a história do kosen-rufu mundial.
Era o jovem Daisaku Ikeda, que nasceu no bairro de Ota, em Tóquio, no dia 2 de janeiro de 1928. Quando estava com 13 anos, teve início a Segunda Guerra Mundial e seus quatro irmãos mais velhos foram convocados para as frentes de batalha. Ele foi trabalhar numa indústria de armamentos para ajudar no sustento da família. Porém, vivia imerso no questionamento sobre a vida e a morte por sofrer de tuberculose. O jovem Ikeda vivenciou os horrores da guerra sob constantes ataques aéreos e sofreu com a tristeza de sua mãe diante da morte do filho mais velho no campo de batalha. Passada a guerra, estudou inúmeras obras literárias e filosóficas em busca de uma visão correta da vida.
Nessas circunstâncias, o jovem Ikeda participou de uma reunião de palestra da Soka Gakkai no dia 14 de agosto de 1947, encontrando-se pela primeira vez com Josei Toda.
Naquele dia, o professor Toda explanou Estabelecer o Ensinamento Correto para a Pacificação da Terra. Ao término da explanação, o jovem fez uma série de perguntas: qual é o modo correto de vida? O que é ser um verdadeiro patriota? Qual é o significado do Nam-myoho-renge-kyo? Diante das respostas claras e coerentes de Josei Toda, o jovem sentiu que poderia confiar nele. Dez dias depois, em 24 de agosto, ele se converteu ao Budismo de Nichiren Daishonin.
A partir dessa data, o jovem, que na época frequentava o curso noturno do Instituto Educacional Taisei (predecessor da Faculdade Fuji de Tóquio), estudou o budismo, participando das explanações de seu mestre sobre o Sutra do Lótus. Em janeiro de 1949, foi trabalhar na editora do professor Toda.
Em razão da situação econômica caótica do pós-guerra, as empresas de Josei Toda faliram e ele renunciou ao cargo de diretor-geral da Soka Gakkai. Dentre os funcionários, somente o jovem Ikeda permaneceu ao lado dele. O discípulo deixou, inclusive, os estudos, para apoiar integralmente o mestre. Por isso, o professor Toda passou a ministrar-lhe aulas particulares sobre as mais variadas matérias com qualidade superior à de qualquer curso universitário. Ele denominou essa educação de Universidade Toda.
A posse do segundo presidente
Em 3 de maio de 1951, Josei Toda tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai e objetivou concretizar 750 mil conversões no Japão. Era um número quase impossível de ser alcançado, considerando que havia apenas 3 mil membros. O presidente Toda planejou diversas estratégias visando à ampliação do movimento em prol do kosen-rufu.
Uma dessas estratégias foi o início da publicação do jornal Seikyo Shimbun em 20 de abril de 1951. Nessa ocasião, ele começou a escrever a série do romance Revolução Humana.
O significado de “revolução humana” consiste na transformação da condição de vida de cada pessoa com base na prática da fé. O presidente Toda reavivou o Budismo de Nichiren Daishonin na época atual por meio da filosofia de vida inserida na “revolução humana”. Além disso, logo após sua posse, fundou as Divisões Feminina, Masculina de Jovens e Feminina de Jovens.
Sempre ao lado de seu mestre, em janeiro de 1952, o jovem Ikeda assumiu como secretário do Distrito Kamata. Sua missão era provocar uma grande onda de expansão que impulsionasse o ritmo da propagação em toda a Soka Gakkai. E assim aconteceu. Em fevereiro, o Distrito Kamata alcançou o inédito resultado de 201 shakubuku, rompendo todos os limites da campanha de propagação da época.
Paralelamente à expansão do Budismo, o presidente Toda publicou a obra Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin (Nichiren Daishonin Gosho Zenshu), em 28 de abril de 1952, em comemoração dos 700 anos de fundação do Budismo de Nichiren Daishonin.
A manifestação da natureza maligna do poder
Em 1956, o jovem Ikeda desenvolveu ampla campanha de propagação na região de Kansai, atingindo no mês de maio o inédito resultado de 11.111 conversões no Distrito Osaka. Em julho daquele ano, como responsável pela campanha eleitoral em Osaka, alcançou uma vitória até então impossível.
A partir dessa conquista, a Soka Gakkai tornou-se o foco das atenções como uma organização influente na sociedade e, por isso, começou a sofrer pressões injustas por parte do governo. O jovem Daisaku Ikeda enfrentou de forma corajosa tais pressões com o propósito de proteger os membros da Soka Gakkai.
Em 3 de julho de 1957, o jovem Ikeda foi preso sob falsa acusação de fraude eleitoral. Durante duas semanas de interrogatório, ele foi submetido à ameaça de que, caso não assumisse a culpa, o presidente Toda seria preso. A fim de proteger seu mestre, que se encontrava com a saúde debilitada, o líder viu-se obrigado a assumir a responsabilidade e foi libertado no dia 17 de julho. O processo judicial do caso, conhecido como Incidente de Osaka, arrastou-se até 25 de janeiro de 1962, quando a justiça japonesa o declarou inocente.
Confiando a herança do kosen-rufu
Em 8 de setembro de 1957, Josei Toda proferiu a “Declaração pela Abolição das Armas Nucleares”, que se tornou a diretriz do movimento da Soka Gakkai em prol da paz. Na Declaração, ele condena o uso de armas nucleares considerando-as um “grande mal” que tira da humanidade o direito à vida.
Toda concluiu, em dezembro daquele ano, a maior realização de sua existência, concretizando mais de 750 mil shakubuku.
No dia 16 de março de 1958, foi realizada a cerimônia de transmissão do bastão do kosen-rufu a 6 mil membros da Divisão dos Jovens. Esse dia ficou conhecido como Dia do Kosen-rufu. Duas semanas depois, em 2 de abril, Josei Toda encerrou sua nobre existência aos 58 anos, tendo concluído todos os seus objetivos.
A época do presidente Ikeda
Com o falecimento de Josei Toda, o discípulo Daisaku Ikeda, aos 32 anos, tornou-se o líder da Soka Gakkai, assumindo como o terceiro presidente em 3 de maio de 1960.
Cinco meses depois, em 2 de outubro, ele marcou o primeiro passo para a propagação mundial do Budismo de Nichiren Daishonin, partindo em viagem para as Américas do Norte e do Sul. Em janeiro do ano seguinte, viajou para a Ásia e a Índia; e, em outubro, visitou a Europa. Iniciou assim a realização do kosen-rufu mundial e o retorno do budismo para o Oeste, conforme predito por Nichiren Daishonin.
Para realizar os objetivos traçados por Josei Toda, o presidente Ikeda expandiu o movimento em prol da paz, da cultura e da educação e fundou o Instituto de Filosofia Oriental, a Associação de Concertos Min-On, o Museu de Artes Fuji de Tóquio e o Sistema de Ensino Soka, desde a educação infantil até o ensino superior.
Em 8 de setembro de 1968, o presidente Ikeda apresentou uma proposta para reatar as relações diplomáticas sino-japonesas e, em 1972, dialogou com o renomado historiador Arnold Toynbee.
Numa época em que havia espessas barreiras criadas pela Guerra Fria, ele abriu caminhos de paz e amizade visitando e dialogando com os líderes da China, da antiga União Soviética e dos Estados Unidos.
Com a fundação da Soka Gakkai Internacional, em 26 de janeiro de 1975, na Ilha de Guam, ele foi indicado para ser o presidente. Em abril de 1979, ele se tornou presidente honorário da Soka Gakkai.
Homenagens e reconhecimentos
Desde 1983, anualmente, a cada 26 de janeiro, Dia da SGI, o Dr. Daisaku Ikeda encaminha à Organização das Nações Unidas (ONU) sua Proposta de Paz. Portanto, em 2015, o líder enviou sua 33ª Proposta de Paz à ONU. Os encontros com personalidades somam mais de 7 mil. As obras literárias na forma de diálogo com intelectuais do mundo alcançam cinquenta títulos. Em particular, o diálogo com o Dr. Arnold Toynbee já foi publicado em 27 idiomas, e recebeu a aprovação de um grande número de personalidades e de líderes mundiais. Além disso, o presidente Ikeda realizou até hoje mais de trinta palestras e conferências em renomadas universidades e entidades científicas.
Em 1995, foi aprovada a Carta da SGI, que estabelece os princípios filosóficos e humanísticos da organização. Em 1996, foi fundado o Instituto Toda para a Paz Global e Pesquisa Política cujo fundamento são os ideais do presidente Toda. E, em 2001, foi inaugurado o campus de Aliso Viejo da Universidade Soka da América, na Califórnia. No presente momento, o movimento em prol da paz, da cultura e da educação com base no Budismo Nichiren expandiu-se em escala mundial.
Hoje, o nome dos três primeiros presidentes é reconhecido em todo o mundo, na forma de denominação de logradouros públicos, bem como de homenagens e condecorações diversas. Atualmente, o presidente Ikeda recebeu mais de 25 condecorações estatais, cerca de trezentos títulos acadêmicos, mais de setecentos títulos de cidadania honorária e um grande número de diversas outras homenagens em reconhecimento à sua atuação em prol da paz, da cultura e da educação.
Em paralelo a esse desenvolvimento, em 1991, houve um incidente com o clero da Nichiren Shoshu que excomungou mais de 10 milhões de adeptos pertencentes à Soka Gakkai. Esse ato arbitrário foi considerado heresia por opor-se ao espírito do buda Nichiren Daishonin. Apesar de diversas tentativas de destruir a organização, a Soka Gakkai superou essa problemática e promoveu ampla campanha de propagação no mundo inteiro.
Na atualidade, os membros da SGI atuam em 192 países e territórios e têm comprovado a verdade do Budismo de Nichiren Daishonin em sua vida, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a formação de jovens como herdeiros do kosen-rufu e como discípulos do presidente Ikeda.
Por outro lado, com base no humanismo budista, os integrantes da SGI contribuem para a prosperidade social em seus respectivos paí­ses, promovendo diversos eventos nas áreas de cultura, educação, meio ambiente, os quais têm recebido o reconhecimento público. Dessa forma, por meio da atuação dos membros da SGI, o Budismo Nichiren tem se tornado uma luz de esperança para a humanidade.


Matéria Reunião dia 27/08/2015 - Energia Vital

A energia constitui o substrato básico do Universo.

Na física, energia é a propriedade de um sistema que lhe permite realizar um trabalho, podendo ser manifestada de várias formas (calorífica, cinética, elétrica, eletromagnética, mecânica, potencial, química, radiante) transformáveis umas nas outras. A energia não é criada, é transformada.
Esse infindável sistema de energia satura todas as coisas no Universo, animadas e inanimadas, envolvendo tudo num eterno processo de transformação, propagação e interação.
O budismo interpreta todo o Universo como uma única grande força vital e a chama de Nam-myoho-rengue-kyo — a Lei que rege e preserva a harmonia em todo o mundo fenomenal. Na obra Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa, o autor Daisaku Ikeda afirma: “No mais profundo interior de todos os seres, existe a primacial força que faz com que vivam. A mesma força suporta a matéria inorgânica no sistema de harmonias e ritmos da grande existência cósmica. No budismo, essa força total é denominada por muitos nomes, porém o mais apropriado é Myoho, a Lei Mística. Essa é a energia de que precisa toda vida, que cria e recria a existência, tanto a espiritual como a material.
“Quando essa força se manifesta no mundo físico, aparece como um sistema que governa o mundo inorgânico, que torna possível a composição química e que controla as pulsações do Universo. Em outras palavras, as leis da física, da química e da astronomia são simplesmente particulares manifestações fenomenológicas da Lei Mística do cosmo. Da mesma forma, a força vital cria o mundo do espírito, cria a inteligência, dá força aos desejos e aos instintos e, assim, produz todas as variações da atividade mental e espiritual. É o que em outras religiões é chamado de Deus, mas diferente da Divindade Maior pelo fato de ser perfeitamente imanente no cosmo e na vida humana. Não é uma força fora do Universo. É o próprio cosmo. A verdadeira natureza do cosmo e da vida é a fusão das leis física e espiritual da vida. É o processo que cria a existência e a faz desdobrar-se infinitamente.”1
Tanto a energia física como a espiritual são faces diferentes da mesma energia primordial que sustenta todas as funções do Universo. Essa energia, em termos budistas, é chamada de energia vital. Falar em energia vital equivale a falarmos da essência fundamental do ser humano, assim como de todos os outros seres e do próprio Universo. Ao realizarmos a prática budista, verificamos de forma efetiva como podemos manifestar essa energia contida em nosso interior. A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon é a prática revelada por Nitiren Daishonin para que possamos evidenciar esse potencial inerente em nós.

Energia criativa ou destrutiva, positiva ou negativa: Como direcionar nossa energia 

As ciências têm comprovado que os seres humanos utilizam uma pequena parte de seu potencial cerebral. Da mesma forma, muitas vezes, as pessoas não se dão conta da enorme quantidade de energia que possuem interiormente, limitando suas ações ao enfrentarem dificuldades e problemas. Em vez de reagirem, são arrastadas pelo pessimismo e acabam sucumbindo ao estresse, à depressão ou a outros males.
Para aumentar a energia física podemos nos valer de uma alimentação rica e saudável ou então exercitar o corpo. Mas, e quanto à nossa energia espiritual?
O objetivo da prática budista é elevar nosso estado de vida para que possamos canalizar nossas energias de forma plena e benéfica, tanto para nós próprios como para os outros.A energia interior de cada pessoa poderia ser comparada a um potente motor de um carro, mas que depende das rodas, que representam a ação concreta, e do sistema de direção, que corresponde à sabedoria inata. Dessa forma, a diferença entre uma existência envolvida somente em sofrimentos e ilusões e uma vida conscientemente direcionada para a felicidade de si e das demais está na ampla manifestação da energia interior e, mais que isso, do seu correto direcionamento. Sobre essa questão, Daisaku Ikeda comenta: “Somos livres para escolher o caminho e a habilidade para seguir o certo é inata ao homem. A questão é como desenvolver a sabedoria potencial inerente à nossa força vital, a fim de que funcione para a existência e a criatividade no Universo. Se um ser humano possuir a habilidade para amar e confiar, mas se for fraca a força motivadora dentro dele, não estará apto a influenciar outros seres humanos quanto mais a vida humana como um todo. Em contrapartida, se uma pessoa tiver uma poderosa força motivadora, mas for assaltada pela dúvida, a suspeição e o antagonismo com relação a outras pessoas, será capaz de destruir a si própria e à vida humana como um todo. Quando descobrirmos como empregar a nossa força vital para a criação e apoio à existência — tanto no nível humano como no cósmico — e quando descobrirmos como viver em verdadeira harmonia com o Universo, a filosofia da unidade entre a vida com o Universo, a filosofia da unidade entre a vida subjetiva e o meio ambiente objetivo se tornará a grande e prática sabedoria da humanidade.”2


A energia vital, os dez mundos e os dez fatores

No budismo há os conceitos chamados de dez mundos (jikkai, em japonês) e dez fatores da vida (junyoze). Os dez mundos, conhecidos também como dez estados ou condições da vida, são: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda. Os dez fatores oferecem uma maneira de examinar e compreender qualquer condição momentânea da vida na sua forma verdadeira, quer esteja no estado de Inferno ou no de Alegria, ou em qualquer outro dos dez mundos. Eles esclarecem os elementos que se combinam para que mudemos.
Os dez fatores são: Aparência (nyoze-so), natureza (nyoze-sho), entidade (nyoze-tai), poder (nyoze-riki), influência (nyoze-sa), causa interna ou inerente (nyoze-in), causa externa ou relação (nyoze-en), efeito latente (nyoza-ka), efeito manifesto (nyoze-ho) e consistência do início ao fim (nyoze-honma-kukyoto).
Enfatizaremos aqui o quarto fator, o poder. Trata-se da força interior com a qual a vida é inerentemente dotada. É a energia em potencial que pode ser usada na direção da circunvizinhança de uma pessoa, ou seja, é a força de motivação da vida de um indivíduo.
A energia vital se manifesta de acordo com os dez mundos permanentemente em mutação. Assim, ela aumenta em intensidade e se aperfeiçoa qualitativamente dos mais baixos aos mais altos estados da vida. Por exemplo, no estado de Inferno, uma pessoa possui pouca força motivadora que na maioria das vezes é usada contra sua própria vida ou de outras. Trata-se pois de um potencial destrutivo. No estado de Ira, a força motivadora é evidenciada pela sede do poder. Nos estados superiores, como os de Bodhisattva e Buda, essa força manifesta-se na forma de benevolência. No estado de Buda essa benevolência é capaz de englobar todas as outras energias dirigindo-as a propósitos elevados como aliviar o sofrimento de outras pessoas.
Em síntese, quanto mais elevamos nosso estado de vida, mais energia ou força motivadora acumulamos e, conforme observamos, a benevolência é a fonte fundamental de energia.


O que ocorre com a energia de uma pessoa após a morte 

Quando estamos vivos a energia nos mantém unos ao cosmos e, ao falecermos, torna-se a força que nos garante o renascimento.
As ações que realizamos em vida são portanto fundamentais para o renascimento. Após a morte, a energia permanece latente.
A esse respeito, Daisaku Ikeda comenta: “Muitas pessoas me perguntam se não há nada que uma pessoa morta possa fazer para influenciar sua própria existência. A resposta, receio, é não. O eu em estado de morte (de kuu) é totalmente incapaz de automotivação. (...)
“O budismo reconhece um — e somente um — meio pelo qual uma pessoa em estado de morte pode aperfeiçoar-se. É através das ações dos vivos. Embora não nos possamos comunicar com os mortos ou intimá-los a voltar à vida por um passe de mágica, é nos possível — com a nossa própria prática do budismo — arrancar a energia da vida cósmica e transferi-la aos amados falecidos. (...)
“Quanto mais energia a vida dormente recebe por esse meio, maior é o potencial para a remanifestação como ser vivo, possivelmente até num estado mais alto de existência do que o de antes do falecimento.”3
A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e as ações altruísticas são o que possibilitam ao praticante budista acumular energia vital para enfrentar as dificuldades e realizar suas atividades diárias.
Notas: 1. Daisaku Ikeda, Vida — Um Enigma, uma Jóia Preciosa. Editora Record, pág. 28. 2. Ibidem, pág. 49. 3. Ibidem, págs. 238–239.

Adquira a energia vital de um buda

Edição 2147 - Publicado em 15/Setembro/2012 - Página B4

Nesta edição, o BS compartilha trechos de orientações do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, sobre energia vital e saúde


Das profundezas da vida
“Não seja derrotado pela maldade da doença! Recupere sem falta a boa condição de saúde para atuar pelo Kossen-rufu. Quando assume esse senso de missão, a energia vital emerge das profundezas de sua vida” (BS, ed. 2.106, 5 nov. 2011, p. A2).

Vençam o dia
“A vitória ou a derrota é decidida logo de manhã. Por isso, assinalem a partida do dia com a recitação do Gongyo e do Daimoku ao ritmo do vigoroso cavalgar de um corcel branco. Vençam o dia com forte energia vital!” (BS, ed. 1.768, 23 out. 2004, p A2).

Transforme dificuldades em soluções
“Atuo em prol do Kossen-rufu! — desse juramento acalentado no coração emerge uma grandiosa energia vital e todas as dificuldades são solucionadas” (BS, ed. 2.073, 26 fev. 2011, p. A2).

Avancem com tenacidade
“Mesmo nas circunstâncias mais adversas devem persistir e perseverar para converter esse sofrimento em uma oportunidade única de crescimento e superação. Digam a si próprios: ‘Vocês verão!’. Por favor, continuem avançando com tenacidade e firmeza pelo seu caminho” (BS, ed. 1.392, 30 nov. 1996, p. 4).

Em prol do grande ideal
“Vamos assinalar a partida para um novo dia com abundante energia vital. A união é a força que conquista a vitória. Com fervorosa oração baseada no itai doshin, avancemos em prol do grande ideal do Kossen-rufu” (BS, ed. 2.079, 16 abr. 2011, p. A2).

Corpo e mente sãos
“‘As pessoas com fraca energia vital são vencidas por aquelas que possuem forte energia vital’, observou o Sr. Toda. Recitar Daimoku aumenta nossa energia vital e faz nosso corpo e nossa mente sãos. Ensinar o Budismo Nitiren a outras pessoas e propagar nosso movimento pelo Kossen-rufu formam a órbita para o fortalecimento de nossa energia vital. As pessoas cuja vida está em sintonia com esse ritmo são fortes” (BS, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. A3).

Modifique o carma
“A base da saúde é a forte fé, que nos capacita a extrair forte energia vital, triunfar sobre as forças negativas e prejudiciais e transformar o carma” (BS, ed. 1.743, 10 abr. 2004, p. A3).

A fé amplia a energia vital
“Daishonin deixou esta famosa declaração: ‘O Nam-myoho-rengue-kyo é como o rugido do leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?’ (WND, p. 412). A fé expande e fortalece nossa energia vital; ela desenvolve nosso caráter e nos faz crescer e amadurecer. Também é importante trabalhar em prol do Kossen-rufu na Soka Gakkai, nossa grandiosa organização transbordante de enorme energia vital” (BS, ed. 1.743, 10 abr. 2004, p. A3).

Renovação da vida
“Se tiver uma forte fé, então, assim como o sutra afirma, você obterá uma nova e poderosa energia vital, conseguindo uma renovação na vida no que diz respeito aos seus negócios e também à sua saúde” (BS, ed. 1.743, 10 abr. 2004, p. A3).



quarta-feira, 10 de junho de 2015

Matéria Reunião dia 11/06/2015 - Itai Doshin

Diferentes corpos com a mesma mente (itai doshin)
Edição 1645 - Publicado em 23/Março/2002 - Página A6

O princípio budista itai doshin literalmente significa “diferentes” (i) “corpos” (tai) com a “mesma” (do) “mente” ou “pensamento” (shin). O termo itai indica as diversas diferenças entre as pessoas, como sua individualidade, seu aspecto físico, sua natureza etc.
O termo doshin indica “mesmo objetivo”, “mesma fé”. Portanto, partindo da premissa de “mesma fé”, devemos nos unir para propagar o budismo e estabelecer a felicidade individual e coletiva com união harmoniosa, sem jamais criar sentimentos negativos entre si.
Evidentemente, não se deve empregar o termo itai doshin de forma inadequada na organização, em situações que nada têm a ver com a fé das pessoas, tais como “Empreste-me dinheiro, pois devemos estar em itai doshin”, ou “Ajude-me nos meus negócios em itai doshin”, ou ainda “Vamos realizar negócios em conjunto, pois estamos em itai doshin” etc.
Itai doshin é, acima de tudo, o princípio da união harmoniosa entre os praticantes visando ao mútuo incentivo para o fortalecimento da prática da fé. Portanto, para os praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin, doshin diz respeito à fé no Gohonzon e às ações para a concretização do Kossen-rufu. Por meio desse empenho em prol desses objetivos comuns, a individualidade e as características de cada um (itai) podem ser evidenciadas ao máximo. Portanto, somente com itai doshin é que se pode concretizar o Kossen-rufu mundial.
Na escritura “A Herança da Lei Última da Vida”, Daishonin afirma: “Todos os discípulos e crentes de Nitiren devem recitar o Nam-myoho-rengue-kyo transcendendo todas as diferenças entre si, em itai doshin, tal como o peixe e a água são inseparáveis. Aqui está o laço de união entre a nossa vida e a herança da lei última. Esta é a essência que Nitiren está propagando.
Quando estão unidos assim, mesmo a grande esperança do Kossen-rufu pode ser realizada sem falha. Se qualquer um dos discípulos de Nitiren quebrar a união de itai doshin, destruirá o seu próprio castelo por dentro.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 351.)
Em um sentido mais amplo, o movimento da SGI em escala mundial, em que as pessoas de diversos países, das mais variadas culturas e civilizações, empenham-se em prol da propagação do Verdadeiro Budismo visando à concretização do Kossen-rufu, vem comprovando claramente esses ditos dourados do Buda Original. Por isso, em nossa organização, onde nos empenhamos para propagar o Verdadeiro Budismo, objetivando a realização do Kossen-rufu, o itai doshin entre todos é uma condição indispensável para se concretizar os objetivos tanto individuais quanto coletivos.

O princípio de itai doshin enfatiza o respeito pelas características e diferenças individuais das pessoas. Além disso, ensina a união com inabalável convicção e crença na filosofia universal que revela a nobreza inata em todas as entidades vivas. 
Em contrapartida, Daishonin ensina o termo dotai ishin, que significa “mesmo” (do) “corpo” (tai) com “diferentes” (i) “mentes ou pensamentos” (shin). 
Na escritura “Sobre itai doshin”, Daishonin cita a seguinte passagem: “Hokibo e Sadobo, e os crentes de Atsuhara, unidos em sua corajosa fé, provaram a verdadeira força de itai doshin. Se itai doshin prevalece entre as pessoas, todas as suas metas serão alcançadas, enquanto que, com dotai ishin falharão em realizar qualquer coisa. Mais de três mil volumes da literatura confuciana e taoísta estão repletos de exemplos. O Rei Chou de Yin conduziu setecentos mil soldados a uma batalha contra o Rei Wu de Chou com meros oitocentos homens. O exército do Rei Chou, contudo, perdeu por falta de união defronte da unidade dos homens do Rei Wu. Mesmo um único indivíduo, com propósitos contraditórios consigo mesmo, é certo terminar em falha, mas uma centena ou um milhar de pessoas unidas em espírito certamente têm sucesso. Os japoneses são muitos em número, mas o espírito divisório destrói sua habilidade em realizar algo em comum. Em contraste, Nitiren e seus seguidores são poucos em número, mas por agirem em itai doshin realizarão sua grande missão de propagar o Sutra de Lótus. Muitos fogos enfurecidos são debelados por uma única chuva e muitas forças más são vencidas por uma única grande verdade. É isto o que Nitiren e seus seguidores são.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, págs. 409-410.) 
Conforme esta citação, o itai doshin em torno de um único objetivo é o ponto fundamental para se conquistar a vitória. Esse princípio se aplica não só a um grupo de pessoas, mas também a um único indivíduo, ou seja, o quanto suas ações estão embasadas em um pensamento claro e bem definido. Quando não há clareza nos objetivos é natural que suas ações tornem-se difusas e caiam em uma rotina nada frutífera. Isso é o que Daishonin ensina na frase “Mesmo um único indivíduo, com propósitos contraditórios consigo mesmo, é certo terminar em falha”. 
Assim, como praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin, vamos direcionar nossa fé para um claro doshin, estabelecendo objetivos bem definidos para conquistarmos a verdadeira vitória.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Matéria Reunião dia 28/05/2015 - O domínio de nossa mente

8.7 O domínio de nossa mente
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B2
“O que importa é o coração”
Continuação da edição 2.274

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda salienta que, para efetuarmos uma transformação grandiosa em nossa vida, é importante não sermos governados pela fraca natureza de nossa mente, que muda constantemente, mas apoderar-se dela, buscando um mestre que atue como uma segura bússola espiritual.
Discurso do presidente Ikeda
adaptado do livro Explanação Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, publicado em português em julho de 2012.
“O que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000). O coração, a mente, é realmente prodigioso e ilimitado. Além disso, podemos aprofundá-lo infinitamente.
A mente pode gerar um estado de vida de imensa alegria, como se estivéssemos voando livremente, sem esforço algum, pelo vasto céu azul. Pode emanar uma compaixão comparável à luz do sol claro e radiante, que a tudo ilumina, e abraçar calorosamente aqueles que estão sofrendo. Pode tremer de raiva justificada, subjugando o mal e a injustiça com a coragem e ferocidade de um leão. A mente muda constantemente, como um enredo que sempre apresenta novas surpresas ou um cenário que sempre se inova.
O que há de mais maravilhoso no que diz respeito à mente é o fato de ela manifestar o estado de buda. Mesmo as pessoas acossadas pela mais intensa ilusão e sofrimento podem ativar, nas profundezas de sua vida, o estado de buda, que é uno com o universo. Essa importante epopeia de transformações constitui, efetivamente, o maior de todos os prodígios.
O budismo reconhece a suprema nobreza e o potencial para uma extraordinária transformação inerentes à vida de todas as pessoas. Com base nesse fato, Nichiren Daishonin ensinou que, aprimorando totalmente sua vida por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, qualquer um — por mais que esteja mergulhado na ignorância ou ilusão - pode revelar seu estado de buda e transformar numa terra pura até mesmo o local mais maléfico e maculado.
Myoho-renge-kyo é a “verdade mística inerente nos seres vivos” (CEND, v. I, p. 3).
E é por isso que, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, podemos lustrar o espelho embaçado da “mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida” tornando-o “um espelho límpido, que refletirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade (Ibidem, p. 4), e, desse modo, revelar nossa natureza de buda interior. Em outras palavras, podemos manifestar a “verdade mística inerente” (Ibidem, p. 3) e acessar o potencial infinito que reside dentro de nós.
Myoho-renge-kyo é a Lei inerente à nossa vida. A transformação interna de momento a momento que efetuamos mediante a recitação do Nam-myoho-renge-kyo acarreta não somente uma mudança fundamental em nossa mentalidade, mas no nosso modo de vida como um todo, colocando-nos no rumo da consecução do estado de buda nesta existência. Além disso, gera uma onda de grande transformação de toda a humanidade chamada kosen-rufu. Myoho-renge-kyo é o pulsar dinâmico da mudança em todas as esferas.
O fato de o Myoho-renge-kyo ser a Lei inerente à nossa vida suscita outra questão a ser considerada: ou seja, a relação entre a mente da ilusão — uma mente encoberta pela escuridão inata - e a mente da iluminação, ou “myo” — uma mente iluminada pela natureza essencial dos fenômenos e pelo verdadeiro aspecto da realidade.
Se simplesmente seguirmos nossa mente não iluminada, facilmente influenciável, nosso potencial definhará rapidamente. Ou pior, podemos ceder a impulsos negativos e destrutivos. Essa é a natureza sutil dos trabalhos da mente.
Como nossa mente é a chave para atingirmos o estado de buda nesta existência, precisamos vencer nossas próprias fraquezas internas e é justamente nessa circunstância que atua nossa prática budista.
A mente iludida das pessoas comuns está sempre vacilando. Não devemos tomar essa mente, que muda e se altera constantemente, como base ou guia. É esse o significado da famosa passagem do sutra: “Devemos ser mestres de nossa mente em vez de permitir que ela nos domine” (CEND, v. I, p. 525).
Daishonin cita esse trecho referente a se tornar mestre da mente em várias partes de suas escrituras, fornecendo uma importante diretriz para seus seguidores. Tornar-se mestre da própria mente significa possuir uma sólida bússola na vida e o luminoso farol da fé.
Não devemos nos deixar dominar pela nossa mente não iluminada que muda conforme as circunstâncias. Necessitamos de um mestre para ajudar a guiá-la na direção certa. Nesse sentido, os verdadeiros mestres da mente são a Lei budista e os ensinamentos do buda. Shakyamuni jurou fazer da Lei à qual havia se iluminado o mestre ou guia de sua mente, e orgulhava-se de viver de modo fiel a esse juramento. Esse é o significado de viver “confiando na Lei”, salientado por Shakyamuni em sua derradeira injunção a seus discípulos antes de morrer.
Permitir que a nossa mente nos domine consiste em adotar a nós próprios e nossos impulsos egoístas como alicerce. No fim, nossa mente instável nos atirará de um lado para outro, sucumbiremos ao egoísmo e mergulharemos nas profundezas da escuridão ou ignorância.
De maneira inversa, dominar a nossa mente indica adotar a Lei como nossa base.
Um mestre no budismo é alguém que conduz e conecta as pessoas à Lei, ensinando-lhes que a Lei com a qual elas devem contar existe dentro da própria vida. Os discípulos, por sua vez, buscam o mestre que incorpora e é uno com a Lei. Mirando-se no mestre como modelo, eles se empenham na prática budista. Dessa forma, abraçam um modo de vida que os habilita a dominar a mente.
Para se atingir o estado de buda nesta existência, é indispensável que haja um mestre — aquele que incorpora e vive de acordo com a Lei e ensina às pessoas sobre o vasto potencial interior que elas possuem.
Sou o que sou hoje por causa de meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que praticou conforme os ensinamentos do Buda e dedicou a vida à ampla propagação do Budismo de Nichiren Daishonin na época atual. O Sr. Toda está sempre comigo, como meu mestre espiritual. Ainda continuo mantendo um diálogo com ele em meu coração a todo instante. Esse é o espírito de unicidade de mestre e discípulo.
Aqueles que sempre mantêm firmemente seu mestre espiritual como um modelo e bússola e se esforçam conforme esse mestre ensina são os que vivem com base na Lei. O Budismo de Nichiren Daishonin é um ensinamento fundamentado na unicidade de mestre e discípulo.
8.8 Quando mudamos a nossa vida, o mundo à nossa volta se transforma
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B2
“O que importa é o coração”
INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda explana o princípio budista da transformação, por meio do qual podemos alcançar amplo estado de vida e, desse modo, fazer brilhar o nosso ser, as pessoas que nos cercam e o local onde vivemos.
Discurso do presidente Ikeda
Adaptado da Preleção sobre os capítulos “Meios” e “Duração da Vida” do Sutra do Lótus,
v. 3, publicado em japonês
em junho de 1996.
Nichiren Daishonin afirma:
Espíritos famintos veem o Rio Ganges como fogo, os seres humanos o veem como água, e os seres celestiais, como amrita. Embora a água seja a mesma, ela se manifesta de forma distinta dependendo do efeito cármico originado no passado. (CEND, v. I, p. 508)
A maneira como percebemos os fatos difere de acordo com o nosso estado de vida. Quando nosso estado de vida muda, o nosso ambiente também muda. Essa é a essência da doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida” exposta pelo Sutra do Lótus.
Aludindo às infindáveis perseguições que vivenciara ao longo de sua vida, Daishonin afirma:
Dia após dia, mês após mês, ano após ano, tenho sofrido perseguições. As adversidades e os obstáculos menores têm sido tantos que é impossível contá-los, mas as grandes perseguições se resumem em quatro. (CEND, v. I, p. 250)
Mesmo durante o exílio na Ilha de Sado, a mais severa das perseguições que sofrera, ele declara: “Sinto imensa alegria mesmo estando exilado” (Ibidem, p. 405). Daishonin observa serenamente a situação a partir de sua elevada condição de vida, tão vasta e ilimitada quanto o universo.
Tsunesaburo Makiguchi, presidente fundador da Soka Gakkai, suportou o cárcere durante a época da guerra, por defender suas crenças, com um estado de espírito semelhante, escrevendo numa carta redigida na prisão: “O que estou passando agora não é nada comparado aos sofrimentos de Daishonin em Sado”; e “Dependendo do estado mental, mesmo o inferno pode ser agradável”. Esta última sentença foi censurada e apagada pelo promotor.
Estabelecer um estado de vida tão altaneiro é o propósito máximo da humanidade.
Uma única flor pode modificar completamente uma atmosfera sombria. O importante, portanto, é ter a disposição, a determinação, de aprimorar o seu ambiente, de mudá-lo para melhor, mesmo que apenas um pouco. Como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin que se empenham sinceramente na fé, não podemos deixar de transformar a nossa vida de modo retumbante. Desfrutaremos infalivelmente de felicidade e prosperidade. Esse é um princípio imutável do budismo.
Nossa atitude muda tudo. Esse é um dos grandes prodígios da vida e, ao mesmo tempo, uma realidade incontestável.
Há um provérbio que diz: “Não te queixes porque a roseira tem espinhos; alegra-te porque o espinheiro tem rosas”. Nossa percepção se altera dependendo de nossa perspectiva, tornando-se clara, bela e ampla.
Nichiren Daishonin refere-se às “ações maravilhosas da mente única” (OTT, p. 30). A mente concentrada da fé no Gohonzon possui poder e funções que são realmente imensos e extraordinários. Quando o motor fundamental de nossa “mente única” — nossa postura interior, ou determinação — começa a funcionar, e as engrenagens de todos os fenômenos dos três mil mundos são colocados em movimento, tudo começa a mudar. Movemos tudo para uma direção radiante e positiva.
Quando envoltos pela grandiosa condição de vida do estado de buda, nós próprios, as pessoas que nos cercam e o lugar onde vivemos, irradiamos a luz da felicidade e da esperança. Esse é o poder do Nam-myoho-renge-kyo dos “três mil mundos num único momento da vida”. Assim opera o princípio budista da transformação dinâmica.
8.9 Devotando-nos à nossa missão
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B3

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda salienta que nos devotarmos à nossa missão onde nos encontramos neste exato momento constitui o caminho para incorporarmos pessoalmente o ensinamento de Daishonin de que “O que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000).
Discurso do presidente Ikeda
proferido numa reunião comemorativa de líderes
alusiva ao Dia da Fundação da Soka Gakkai, Tóquio, 12 de novembro de 1989.
Na vida, nem tudo ocorre como esperamos desde o início. Há muitos casos nos quais, por várias razões, passamos longos períodos de nossa vida em lugares que preferiríamos não estar. Como lidar com isso? Como viver uma vida realizada e vitoriosa, de uma maneira condizente àquilo que pensamos, diante de tais situações? Eis o desafio.
Com demasiada frequência, as pessoas reagem a esse tipo de circunstância, lastimando-se de seu infortúnio, ressentindo-se do ambiente e das pessoas que se encontram nele, até o fim de seus dias. Há um número incontável de pessoas assim no mundo. Também existem as que são levadas a buscar o sucesso e honra mundanos e o elogio e a admiração dos outros. Enquanto estes forem o único propósito de sua vida, estarão fadadas a sofrer de insatisfação e ansiedade infindáveis.
Desejos não têm limites; e enquanto o egoísmo predominar, será impossível satisfazê-los. Nem todos numa empresa podem ser presidentes.
Sem dúvida, é natural empreender esforços para mudar e melhorar nosso ambiente e circunstâncias. Mas é ainda mais essencial protegermos resolutamente o lugar onde estamos agora, nossa “fortaleza”, ou nossa casa, por assim dizer. Devemos nos dedicar à nossa missão e, nessa qualidade, criar um sólido histórico de conquistas de um modo exclusivamente nosso.
Algumas pessoas nunca estão sob holofotes nem se encontram em posição de receber louvores e reconhecimento dos outros. Mas “o que importa é o coração” (WND, v. I, p. 1000). A grandiosidade de um ser humano não é determinada pelo status social. Nossa felicidade não é definida pelo ambiente. Em nosso coração, em nossa vida, existe um imenso universo. Praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin para abrir as portas desse ilimitado reino interior.
Se desobstruirmos esse magnificente domínio espiritual, seremos vencedores, não obstante onde possamos estar. Sentiremos incessantemente o maravilhoso sabor de uma existência verdadeiramente profunda.
Muitos perseguem o sucesso e prestígio aos olhos do mundo, mas poucos aspiram a se tornar seres humanos realmente grandiosos.
Outros querem que os cubram de elogios e atenção, mas poucos se esforçam para construir uma felicidade interior que permaneça intacta até o instante da morte e se estenda pelas três existências — passada, presente e futura.
Nossa grandeza e nossa felicidade como seres humanos são determinadas pela força de nossa energia vital e da fé e prática budista dedicada ao kosen-rufu.
Estamos nos empenhando dia após dia em prol do kosen-rufu, um ideal sem precedentes na história da humanidade. Requer perseverança e esforços extraordinários. Em virtude disso, porém, com absoluta certeza construiremos uma vida verdadeiramente realizada.
A maneira como os outros nos veem não tem importância. Sucessos passageiros também não interessam. O que conta no fim de nossa vida é um sorriso de felicidade iluminar o nosso rosto. É podermos olhar para trás e dizer “Minha vida foi vitoriosa. Foi agradável. Não tenho do que me lamentar”. Então, seremos vitoriosos.
Vocês, meus amigos da Divisão dos Jovens, em especial, talvez possam estar enfrentando agora situações extremamente árduas e desafiadoras. Pode parecer que honrarias impressionantes estejam além de seu alcance. Tudo bem. Simplesmente continuem a se esforçar dando o máximo de si para concretizar seus ideais, no local de sua missão pessoal. É assim que se constrói uma “fortaleza” indestrutível de vitórias eternas dentro do coração.

8.10 Tudo é estímulo para a revolução humana

Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B3

“O que importa é o coração”

INTRODUÇÃO 
O presidente Ikeda nos encoraja carinhosamente afirmando que, quando nos esforçamos na prática budista em prol do kosen-rufu, tudo — até a doença e outros desafios pessoais — pode servir como um “vento de cauda” para assegurar uma vida de felicidade eterna.
Discurso do presidente Ikeda
extraído de uma mensagem enviada para a Convenção da Província de Iwate em 16 de setembro de 1996.
No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin descreve as funções da vida como algo “estrito [sem uma única exceção]”, acrescentando que os três mil mundos, cada um deles, existe em nossa vida (OTT, p. 22). 
Nenhum de nós pode escapar da rigorosa lei de causa e efeito que opera em nossa vida. Isso é fato. 
O registro cumulativo de nossos atos, palavras e pensamentos nesta existência — as três categorias de ação — determina o curso de nossa vida pelas três existências: passada, presente e futura.
Por isso, Nichiren Daishonin ensina que todos os nossos esforços em prol do kosen-rufu — recitar daimoku, falar aos outros sobre o budismo e empreender ações pela felicidade de outras pessoas — produzem boas causas e benefícios em nossa vida. Consequentemente, não há necessidade de se preocupar com o quadro aparente dos acontecimentos no curto prazo.
Se estiver doente, faça de conta que está participando de um treinamento para escalar a imponente montanha do estado de buda. Imagine-se transpondo uma ladeira seguida de outra, de modo que, no fim, possa ficar de pé no topo e apreciar infinitamente a vista majestosa. Ou faça de conta que está atravessando a nado mares revoltos rumo à distante e cintilante ilha da esperança e felicidade eterna.
Viva com o espírito de que tudo o que fizer estará registrando brilhantes realizações em seu maravilhoso histórico de vitórias eternas.
Se praticar o Budismo de Nichiren Daishonin, nada em sua vida será em vão. Viva sem hesitação, medo ou arrependimentos.
Jamais se esqueça de que tudo é um vento de cauda que o impulsionará para a felicidade eterna.
Todos os brotos de arroz amadurecem no ano em que são plantados, embora alguns amadureçam mais cedo, outros, mais tarde. Da mesma forma, assegura-nos Daishonin, todas as pessoas, contanto que perseverem em sua fé e prática budista, atingirão a nobre condição do estado de buda nesta existência (WND, v. II, p. 88).
8.11 Cultivar um estado de vida elevado imbuído das “quatro virtudes”
Edição 2275 - Publicado em 16/Maio/2015 - Página B4
“O que importa é o coração”

INTRODUÇÃO 
Aqueles que fundamentam a vida na Lei Mística conseguem alcançar um estado de vida inabalável, imbuído das “quatro virtudes” ou nobres qualidades da vida do buda —eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza —, observa o presidente Ikeda, salientando a importância de se desenvolver uma fé solidamente enraizada, para que seja capaz de suportar quaisquer tempestades cármicas ou adversidades.
Discurso do presidente Ikeda proferido na Convenção da SGI-Europa no Centro Cultural de Taplow Court, Reino Unido, em 28 de maio de 1989.
No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin afirma: “Quando, nesses quatro estados de nascimento, envelhecimento, doença e morte, recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos com que exalem a fragrância das quatro virtudes” (OTT, p. 90).
As “quatro virtudes”, ou quatro nobres qualidades da vida do buda — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — referem-se ao estado mais elevado que podemos alcançar como seres humanos, uma condição de liberdade e felicidade irrestritas.
“Verdadeiro eu” representa um estado de liberdade tão vasto quanto o universo, no qual podemos usufruir nosso eu verdadeiro ou maior.
“Eternidade” indica o dinamismo da vida, que se renova incessantemente, a evolução criativa da vida, que rompe qualquer estagnação.
“Pureza” designa a ação de purificar o egoísmo mesquinho do nosso eu menor, por meio da poderosa energia vital do nosso eu maior.
E “felicidade” consiste na alegria da vida, pulsando dinami­camente de momento a momento; também corresponde a possuir um caráter plenamente primoroso, que transmite alegria a todos ao redor. Desse modo, o caráter de uma pessoa, quando iluminado pela Lei Mística, se assentará firmemente no “eu maior”, um estado de ilimitada liberdade, que permeia todo o universo, transformando qualitativamente até mesmo a energia dos desejos mundanos focados no egocêntrico “eu menor”. Em outras palavras, a energia dos desejos mundanos pode ser sublimada e convertida em extraordinária sabedoria e compaixão; pode ser redirecionada a um nível mais elevado, que transcende o individual e beneficia outras pessoas, a comunidade e a sociedade como um todo.
Esse é o princípio budista que elucida que “desejos mundanos são iluminação”, abrindo amplo e radiante caminho, por meio do qual podemos nos empenhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento concomitantemente ao de outras pessoas, enquanto trabalhamos ativamente para construir uma sociedade ideal.
Quais os ingredientes da felicidade? Eis uma das questões fundamentais da vida.
O fator determinantemente crucial para a felicidade é o nosso estado de vida interior.
Aqueles que possuem uma condição existencial interior ampla são felizes. Eles vivem seus dias com um espírito aberto e confiante.
As pessoas com um estado de vida sólido são felizes. Não são vencidas pelo sofrimento e conseguem apreciar tranquilamente a vida, conforme ela vai se desenrolando.
Aquelas possuidoras de um estado de vida profundo são felizes. Glorificando o arraigado significado da vida, conseguem produzir um histórico de valor significativo e duradouro.
As pessoas dotadas de um estado de vida puro são felizes. Elas estão sempre espalhando revigorante alegria aos que estão à sua volta.
Existe um número incontável de indivíduos agraciados pela riqueza, posição social e outros benefícios materiais, mas que são infelizes. E essas circunstâncias externas são mutáveis e inconstantes; ninguém sabe quanto tempo elas vão durar.
Quando, porém, estabelecemos um estado interior inabalável de felicidade, ninguém consegue destruí-lo. Nada pode violá-lo. Edificar esse grandioso estado de vida é o propósito da prática budista. O importante é jamais se afastar do Gohonzon, nunca parar de progredir na fé.
No curso da vida, você está fadado a enfrentar todos os tipos de adversidades. Algumas vezes, poderá se ver sem alternativas. É por essa razão que precisa fortalecer sua fé e recitar daimoku com seriedade. Por mais difícil que possa ser, quando galgar a escarpada montanha do seu carma, um novo horizonte se abrirá amplamente diante de você. A prática budista é uma repetição desse processo. Um dia atingirá um estado de felicidade absoluta que jamais será destruído.
Desenvolva uma fé profunda e firmemente enraizada. Quando uma muda possui raízes fortes e recebe sol e água suficientes, cresce, tornando-se uma árvore alta e robusta, mesmo sendo fustigada por intempéries. O mesmo ocorre com a nossa prática budista e a nossa vida. Espero que todos vocês sejam pessoas corajosas, que propagam com alegria a grandiosa luz da felicidade por todo esse conturbado mundo, e que sua vida seja prova individual da genuína magnificência do Budismo de Nichiren Daishonin.



quinta-feira, 21 de maio de 2015

Matéria Reunião dia 21/05/2015 - A vida de Sakyamuni

Edição 1674 - Publicado em 09/Novembro/2002 - Página A6
Sakyamuni viveu na antiga Índia há cerca de três mil anos e desenvolveu uma profunda e eterna filosofia de vida, frequentemente conhecida como a biblioteca de oitenta mil sutras. Assim, refutou a filosofia do bramanismo que dominava a Índia daquela época.
Nasceu como príncipe do clã Sakya, que mantinha o domínio de um pequeno reino ao norte da Índia, próximo ao Himalaia, e seu nome de infância era Siddharta Gautama. Diz-se que sua mãe, a rainha Maya, veio a falecer uma semana após seu nascimento, e em consequência, Sakyamuni foi criado por uma tia materna. Por ser um príncipe, ele sempre desfrutou de muito conforto, possuindo vários palácios à sua disposição, além de vários criados para servi-lo. Foi educado também em diversas artes visando à sua formação como um príncipe que herdaria o trono no futuro.
Sakyamuni casou-se com a bela Yashodhara, com quem teve um filho que mais tarde tornou-se um dos seus dez principais discípulos, chamado Rahula.
Quando todos achavam que ele seguiria a vida de príncipe e herdaria o trono, Sakyamuni resolveu abandonar tudo e seguir a vida religiosa. Em seu pensamento havia questões como “Os homens lutam e matam para dominar os outros com a força militar. Contudo, a conquista da glória, do poder e da supremacia será da mesma forma destruída um dia por uma outra força militar. Além disso, ninguém pode escapar dos sofrimentos da velhice, da doença e da morte. O mais importante não seria buscar uma forma de superar esses sofrimentos?” (Nova Revolução Humana, vol. 3, pág. 100.) Assim, aos dezenove anos, renunciou à vida no palácio e decidiu buscar o caminho do espírito humano, ciente de que não seria possível conquistar a felicidade enquanto os seres humanos não conseguissem solucionar essas questões básicas da vida.
Partindo em direção à capital da época, Sakyamuni resolveu procurar um mestre que pudesse guiá-lo na busca da solução das questões que trazia consigo. Nessa busca encontrou um brâmane que havia atingido um estágio chamado “lugar onde nada existe”; em pouco tempo Sakyamuni atingiu esse estágio, porém não conseguiu encontrar suas respostas. Procurou então uma segunda pessoa, um brâmane que havia atingido um estágio denominado “lugar onde não há pensamento nem ausência de pensamento”; novamente Sakyamuni atingiu esse estágio com rapidez, porém concluiu que não era esse tipo de percepção que procurava. Ele queria atingir uma percepção que libertasse as pessoas dos sofrimentos da velhice, da doença e da morte.
Sakyamuni tentou também as práticas de austeridades para purificar o corpo, atingindo um grau de mortificação que nenhum asceta ousava chegar, porém percebeu que essa prática também não o conduziria ao caminho correto.
Após praticar e conhecer várias austeridades e ensinos, decidiu que se sentaria em baixo de uma árvore de Bodhi (figueira) e meditaria até que atingisse a iluminação. A partir de então passou a travar uma intensa luta no âmago de sua vida, com seu próprio eu, seus sofrimentos, medos, desejos mundanos, ilusões etc. Assim, alcançou o domínio sobre a natureza mística da vida, por meio da qual obteve também a convicção de que poderia desenvolver ilimitadamente sua condição de vida. Todas as adversidades, obstáculos e perseguições já eram para ele como partículas de pó diante do vento.
Após atingir a iluminação sob a árvore Bodhi aos trinta anos de idade, Sakyamuni levantou-se como um grande leão em prol da felicidade das pessoas e começou a caminhar vividamente para propagar seus ensinos. 
Preocupado em quem poderia ajudá-lo a propagar a percepção que ele havia atingido, procurou os ascetas com quem havia praticado austeridades antes de seguir seu próprio caminho para atingir a iluminação. Ao ouvirem sobre sua iluminação, eles duvidaram no início, mas logo tornaram-se seus discípulos. 
Sakyamuni viveu parte de sua vida em um local chamado Parque dos Cervos, e começou a propagar seus ensinos de acordo com a compreensão das pessoas e com a ajuda dos ascetas. Desde então, durante cinqüenta anos, pregou diversos sutras, explanando importantes princípios de forma extensa e variada. Cada sutra, apesar de conter uma profunda filosofia, é como se fosse apenas um fragmento. Para a compreensão total de sua filosofia, fez-se necessária uma sistematização organizada de todos os seus sutras. Um dos métodos de sistematização, considerado o mais perfeito, foi estabelecido por Tient’ai e é conhecido como os cinco períodos e oito ensinos. De acordo com esse método, no quinto período, correspondente aos oito últimos anos de sua vida, Sakyamuni pregou o mais elevado dos seus ensinamentos, o Sutra de Lótus de 28 capítulos, considerado como a própria razão do seu advento neste mundo. 
Analisando a vida de Sakyamuni, podemos perceber alguns pontos importantes para a nossa prática budista nos dias de hoje, em especial como membros da SGI. Por exemplo, quando ainda jovem, ele abandonou o mundo secular e partiu em busca da resposta às questões fundamentais da vida. Apesar de seu empenho em procurar diversos mestres do bramanismo, acabou não conseguindo seu intento. Com isso, percebe-se o quanto é importante encontrar um verdadeiro mestre que nos direcione ao correto caminho da felicidade. Por outro lado, a dedicação fortemente motivada de Sakyamuni para transmitir às pessoas acerca de sua própria iluminação é também um ponto muito importante a ser constantemente observado em nossas ações visando à felicidade das pessoas. Quando nos dedicamos a ensinar o budismo a outras pessoas, ajudando-as a compreender a visão budista sobre as questões da vida, devemos manifestar o desejo de “extrair-lhes o sofrimento” para ensinar-lhes o correto caminho para a felicidade, sempre considerando seu grau de entendimento. 
Agindo sempre como um nobre humanista, Sakyamuni promovia palestras com diversas pessoas, criando oportunidades para apresentarem suas dúvidas, expondo assim seus ensinos por meio de diálogos livres e abertos. Ele falava das profundezas de sua vida, exprimindo do âmago de seu ser o amor e a benevolência por todas as pessoas. O estímulo e o caloroso sentimento que transmitia por meio de seu diálogo repleto de humanismo constituíram a fonte do amplo desenvolvimento do budismo. Em contrapartida, devido à rápida divulgação de seus ensinos, Sakyamuni enfrentou diversos tipos de perseguições durante toda a sua vida. 
Na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda comenta: “Ninguém pode escapar dos sofrimentos da vida, nem mesmo um Buda. A fé é justamente a força que possibilita todas as pessoas a erguerem-se das profundezas dos sofrimentos para então dedicar a vida em prol do cumprimento da missão. Eis o caminho do Buda, o caminho do sábio e o caminho dos homens.” (Vol. 3, pág. 144.) 
De toda forma, mesmo enfrentando inúmeras provações, Sakyamuni permaneceu inabalável em suas convicções. Até o momento de sua morte, com mais de oitenta anos de idade, propagou o budismo para o bem de toda a humanidade.


Matéria Reunião dia 14/05/2015 - Significado do Nam-Myoho-Rengue-Kyo

“Se acreditamos na Lei Mística e recitamos o Nam-myoho-renge-kyo, pondo nossa vida ao ritmo da Lei do universo, podemos desenvolver um ‘eu’ forte, rico e saudável que brilha com intelecto e sabedoria e transborda de felicidade por toda a eternidade” Dr. Daisaku Ikeda
O Nam-myoho-renge-kyo é a expressão da verdade suprema da vida, a essência do Sutra do Lótus. Recitando-o com forte fé, a pessoa atinge sem falta o estado de buda. 
Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo, recitando-o pela primeira vez no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253 e apresentou o caminho direto para a iluminação de todas as pessoas das futuras gerações.
Myoho-renge-kyo é o título do Sutra do Lótus, o ensinamento do primeiro Buda registrado historicamente, Shakyamuni, que viveu na Índia há aproximadamente três mil anos. Muitas eras decorreram até que no século 13, no Japão, Daishonin, após ter estudado a fundo as principais doutrinas, chegou à conclusão de que o Sutra do Lótus continha o ensinamento mais profundo de Shakyamuni e que o título Myoho-renge-kyo era sua essência. Ao antepor a palavra Nam, que deriva do sânscrito Namas e significa “devotar a própria vida”, aos cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo, ele transformou o que seria um simples título em um ato de devoção para atingir a suprema condição de vida do estado de buda, ou iluminação. 
Na escritura O Daimoku do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin nos mostra quão extraordinário é conhecer e recitar o Nam-myoho-renge-kyo por meio da seguinte passagem: “Ou suponha que alguém fincasse uma agulha, com o orifício para cima, no topo do Monte Sumeru de um mundo e, posicionando-se no topo do Monte Sumeru de outro mundo, em dia de vendaval, atirasse uma linha a fim de passá-la pelo orifício da agulha. Seria mais fácil conseguir passar a linha pelo orifício da agulha assim do que encontrar o daimoku do Sutra do Lótus. Portanto, quando recitar o daimoku desse sutra, deve estar ciente de que a alegria proveniente dele é maior do que a de uma pessoa cega que começa a enxergar e vê os pais pela primeira vez, e mais raro do que um homem que, tendo sido preso por um poderoso inimigo, é solto e reencontra a esposa e os filhos” (CEND, v. I, p. 149).
Analisemos agora o significado literal da expressão “Nam-myoho-renge-kyo”:
Nam: derivado do sânscrito Namas, significa “devotar a própria vida”.
Myoho-renge-kyo: título do Sutra do Lótus, o principal ensinamento do buda Shakyamuni.
Myoho: Lei Mística, a realidade imutável e essencial de todos os fenômenos.
Myo: quer dizer místico, não no sentido de milagre, mas indicando que o mistério da vida é de inimaginável profundidade e, portanto, além da compreensão do homem.
Ho: significa lei. A natureza da vida é tão mística e profunda que transcende o âmbito do conhecimento humano. Uma lei familiar é encontrada no desenvolvimento do ser humano. Ele nasce como um bebê, cresce para ser um jovem e se torna idoso para morrer. Isso é, obviamente, uma inquebrável lei, regulando cada espécie de vida. Ninguém jamais pode nascer como um adulto ou escapar desse ciclo.
Renge: significa flor de lótus. A flor de lótus simboliza a simultaneidade de causa e efeito, pois germina a flor e a semente ao mesmo tempo. O budismo esclarece que todos os fenômenos do universo são regidos por essa lei. Em termos de pessoas, a condição da vida presente é o efeito das causas acumuladas no passado, e o momento presente é a causa da condição da sua vida futura. Esse princípio da simultaneidade de causa e efeito indica que os nove mundos (causa) e o mundo do estado de buda (efeito) existem simultaneamente em cada momento da vida, não havendo, portanto, nenhuma diferença fundamental entre um buda e uma pessoa comum. Em termos de prática, Daishonin ensinou que, quando uma pessoa recita Nam-myoho-renge-kyo com fé (causa) no Gohonzon, o estado de buda (efeito) manifesta-se instantaneamente no seu interior.
Kyo: refere-se ao sutra ou ao ensinamento do Buda, que é eterno; propaga-se pelas três existências da vida — passado, presente e futuro —, transcendendo as condições mutáveis do mundo físico e do ciclo de nascimento e morte. Pelo fato de Shakyamuni ter ensinado por meio da pregação — ou seja, ele usou a própria voz —, a palavra kyo é algumas vezes interpretada como “som”. Nichiren Daishonin declarou em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente: “Kyo corresponde às palavras e ao discurso, ao som e à voz de todos os seres” (GZ, p. 508). O ideograma chinês usado para designar kyo significa o ensinamento que deve ser preservado e transmitido para a posteridade. Esse ideograma era empregado na China com o significado de “livros” ou “clássicos”, como no caso do confucionismo e do taoísmo. Quando as escrituras budistas foram levadas da Índia para a China, o ideograma era usado com o significado de “sutra”. É nesse sentido que Nichiren Daishonin interpreta a palavra quando diz: “Aquilo que é eterno, que se propaga pelas três existências, é chamado kyo” (Ibidem).
Assim, do ponto de vista do significado literal, o Nam-myoho-renge-kyo abrange todas as leis, toda a matéria e todas as formas de vida existentes no universo. Se expandirmos ao espaço ilimitado, é o mesmo que a vida do universo, e se condensarmos ao espaço limitado, é igual à vida individual dos seres humanos. No entanto, essa ideia é superficial, pois a mera tradução dos ideogramas não expõe a profundidade da Lei Mística em sua totalidade. Na verdade, o budismo não se compreende racionalmente apenas, mas sim com a nossa própria vida.
A recitação diária, pela manhã e à noite, do Nam-myoho-renge-kyo é a prática fundamental do budismo. Nichiren Daishonin ensinou que, por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, com fé no Gohonzon, podemos manifestar a Lei Mística — a realidade fundamental, a essência da nossa vida. Somente com a sincera recitação do Nam-myoho-renge-kyo conseguimos elevar nossa condição de vida. Na prática, essa recitação nos proporciona sentimentos positivos, como alegria, coragem, esperança, sabedoria para desafiar e superar as dificuldades do dia a dia. Em Resposta a Kyo’o, Daishonin nos orienta sobre a força do Nam-myoho-renge-kyo por meio da célebre frase: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431).
O presidente Ikeda também nos indica a boa sorte da recitação do Nam-myoho-renge-kyo na seguinte orientação: “Se acreditamos na Lei Mística e recitamos o Nam-myoho-renge-kyo, pondo nossa vida ao ritmo da Lei do universo, podemos desenvolver um “eu” forte, rico e saudável que brilha com intelecto e sabedoria e transborda de felicidade por toda a eternidade. Assim como o buda está dotado dos dez títulos honoríficos, nós também seremos coroados com imensa boa sorte e benefício. Nós praticamos o budismo de Nichiren Daishonin para construirmos um brilhante palácio de felicidade nas profundezas de nossa vida” (Brasil Seikyo, ed. 1.586, 1o jan. 2001).
Independentemente das circunstâncias, a continuidade da recitação da Lei Mística é de suma importância. É o que Daishonin nos ensina no escrito A Felicidade neste Mundo, dedicado a Shijo Kingo: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei? Fortaleça o poder de sua fé mais do que nunca” (CEND, v. I, p. 713).