domingo, 15 de fevereiro de 2015
Matéria da Reunião do dia 19/02/2015 - O significado do Gohonzon
“Os homens sacrificam-se para
defender sua honra e as mulheres morrem por seus maridos. Os peixes em uma
lagoa desejam viver em segurança e, deplorando sua pouca profundidade, cavam
buracos no fundo para se esconderem. Porém, iludidos pela isca, mordem o
anzol... O mesmo é verdadeiro para os seres humanos. É geralmente por assuntos
seculares insignificantes e raramente pelo importante budismo que as pessoas
sacrificam sua vida. Por essa razão, poucas pessoas podem atingir o estado de
Buda.”1 Esta frase das escrituras de Nitiren Daishonin nos ensina um importante
ponto: a que devemos devotar a nossa vida? Dinheiro, conforto, amor e família
são importantes, sem dúvida. No entanto, o problema encontra-se no forte apego
a esses fatores que estão sujeitos à mudança. Se nossa felicidade depender
totalmente deles, será extremamente frágil. Se não temos dinheiro para obter o
que queremos, sentimos uma imensa frustração. Se não somos correspondidos pela pessoa
amada, sentimo-nos desolados. Essa é a tendência do ser humano.
Contudo há algo ainda mais
importante e duradouro a que podemos devotar a vida. Algo que nos possibilita
um eterno desenvolvimento. Esse algo é o Gohonzon.
Literalmente hon significa base,
zon, respeito, e go é um prefixo honorífico que indica “digno de honra”.
Portanto, Gohonzon quer dizer “objeto de respeito fundamental”. O Gohonzon
contém a condição de vida iluminada do Buda que não é afetada por
circunstâncias mutáveis. Nitiren Daishonin deixou o Gohonzon para toda a
humanidade, inscrevendo-o em 12 de outubro de 1279 com o desejo de que todas as
pessoas atinjam a mesma condição de vida iluminada por ele alcançada.
Sofremos a influência de vários
fatores externos. Uma pintura pode nos evocar alegria, paz ou tristeza,
dependendo da relação que temos com ela. A função do Gohonzon é
possibilitar-nos evidenciar nossa natureza de Buda inata. A idéia de um objeto
de devoção pode parecer estranha aos ocidentais. Mas o Gohonzon é muito
diferente de um ídolo. Nós não nos devotamos a algo superior ou separado de
nós. Ao contrário, Nitiren Daishonin nos legou uma representação gráfica da
condição de vida iluminada do Universo e da nossa própria vida. Com a recitação
do Nam-myoho-rengue-kyo, nós nos unimos ao Gohonzon e experimentamos nossa
própria condição de vida iluminada. É exatamente como afirma a seguinte
escritura: “Quando reverenciamos o Myoho-rengue-kyo inerente em nossa própria
vida como objeto de devoção, a natureza de Buda dentro de nós é convocada e
manifestada por nossa recitação do Nam-myoho-rengue-kyo; é isto o que quer
dizer ‘Buda’. Por exemplo, quando um pássaro engaiolado canta, os pássaros que
estão voando no céu são atraídos e se reúnem ao seu redor, fazendo com que o
primeiro comece a lutar para se libertar. Quando recitamos a Lei Mística, nossa
natureza de Buda é evocada emergindo infalivelmente.”2
O uso de um objeto para
concentração e meditação é muito comum no budismo. O Gohonzon é chamado de
mandala, uma palavra sânscrita, cujo significado original é “círculo”. Na Índia
antiga um círculo era desenhado na areia em torno dos participantes das
cerimônias religiosas significando proteção. Um círculo compreende tudo que
está dentro dele e, portanto, representa a universalidade e a totalidade,
englobando o macrocosmo e o microcosmo.
O Gohonzon também é descrito como
“concentração de benefícios” e “perfeitamente dotado”. A nossa vida está
perfeitamente dotada de tudo de que necessitamos para nossa felicidade. Nossa
natureza inata de Buda responde à nossa recitação do Nam-myoho-rengue-kyo ao
Gohonzon. Daishonin nos incentiva dizendo: “Eu, Nitiren, inscrevi minha vida em
tinta sumi, assim, creia no Gohonzon com todo o seu coração.”3 O Gohonzon é um
pergaminho escrito em caracteres chineses e sânscritos. No centro, está escrito
Nam-myoho-rengue-kyo Nitiren, significando a unicidade da Pessoa (Nitiren
Daishonin) e da Lei (Nam-myoho-rengue-kyo). Representantes dos Dez Mundos
(Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção,
Bodhisattva e estado de Buda) aparecem reunidos em torno da inscrição central.
Alguns deles são personagens históricos, enquanto outros são figuras míticas ou
divindades budistas. Nitiren Daishonin utilizou-os para representar as funções
do Universo e da nossa própria vida.
Diversas escolas budistas veneram
imagens de Sakyamuni e de outras divindades. Nitiren Daishonin foi o primeiro a
estabelecer um objeto de devoção com base na palavra escrita por atribuir a ela
o mais alto valor. Assim como seus ensinamentos, que foram escritos de próprio
punho em cartas, tratados e teses endereçados aos seus seguidores, o Gohonzon é
um legado a toda a humanidade e está livre de deturpações em seu significado.
Notas: 1. As Escrituras de
Nitiren Daishonin, vol. 1, págs. 194–195. 2. Ibidem, vol. 6, pág. 231. 3.
Ibidem, vol. 1, pág. 276. Onde ler mais a respeito: Terceira Civilização,
edição no 354, fevereiro de 1998, págs. 12–20.
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